A Igreja está ‘morrendo’ na Síria, alerta arcebispo

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O arcebispo Jacques Mourad, líder da Igreja Católica Siríaca no centro da Síria, fez um forte apelo em Roma para que haja uma intervenção internacional urgentíssima, alertando que o cristianismo está à beira da extinção no país. Segundo ele, a situação se agravou devido a uma crise política e econômica que forçou dezenas de milhares de pessoas a deixar a Síria em busca de segurança.

Em um relatório da organização Ajuda à Igreja que Sofre, foi revelado que a população cristã na Síria caiu de cerca de 2,1 milhões em 2011 para aproximadamente 540 mil em 2024. Mourad destacou que a Igreja não consegue conter esse êxodo sem reformas políticas significativas e garantias de segurança.

“Os esforços da Igreja não foram suficientes para deter o êxodo. As causas estão ligadas à situação devastadora do país”, afirmou Mourad. Ele enfatizou que uma nova estrutura de governo é fundamental para evitar novas fugas da população cristã.

O arcebispo, que já foi sequestrado pelo Estado Islâmico em 2015, descreveu a situação atual como desesperadora. Ele comparou a deterioração da condição na Síria à do Afeganistão e declarou que não se deve esperar melhorias nas liberdades religiosas ou em qualquer outro setor sob o governo atual.

Mourad expressou preocupação com um possível tratado de paz que poderia afetar o controle das Colinas de Golã, alertando que isso prejudicaria o acesso à água para Damasco. Ele questionou a natureza da justiça nas decisões que afetam a região e pediu uma postura firme da cidade internacional sobre o futuro da Síria.

O lançamento do relatório incluiu uma petição para proteger o Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que garante a liberdade religiosa e solicita apoio às comunidades ameaçadas. Desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, a violência contra minorias religiosas, especialmente cristãos, tem aumentado.

Dr. Morhaf Ibrahim, da Associação Alauíta dos EUA, destacou que as atrocidades não são incidentes isolados, mas parte de uma “campanha de terror deliberada”. Ele citou o massacre de quase 1.500 civis alauítas e mencionou os casos de mulheres sequestradas e escravizadas.

Richard Ghazal, diretor executivo da organização Em Defesa dos Cristãos, alertou que a diversidade religiosa na Síria está sendo substituída por ideologias radicais. Ele pediu aos EUA que exijam que a liderança interina do país adote salvaguardas constitucionais para proteger as minorias.

O futuro das comunidades cristãs na Síria depende, segundo Ghazal, de esforços internacionais para assegurar a liberdade religiosa. A cidade de Antioquia e a estrada para Damasco, lugares históricos para o cristianismo, enfrentam ameaças reais devido ao conflito iminente.

Recentemente, um atentado suicida em uma igreja de Damasco resultou na morte de mais de 20 fiéis, trazendo à tona a crescente insegurança. Ghazal reafirmou que a situação se torna cada vez mais preocupante a cada ato de violência e migração, que ameaçam apagar um patrimônio espiritual de mais de 2.000 anos.

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