Bando contratado pelo CV expandiu linha de produção de fuzis em SP

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Um inquérito da Polícia Federal resultou na prisão de Anderson Custódio Gomes e Janderson Aparecido Ribeiro de Azevedo, que fabricavam partes de fuzis em uma empresa de peças aeroespaciais chamada Kondor Fly, em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo. A investigação agora se estende a duas fábricas clandestinas em Piracicaba e Limeira.

Documentos revelaram que peritos encontraram indícios de que as máquinas da Kondor Fly foram transferidas ou copiadas para essas localidades. Os métodos utilizados nas duas novas oficinas são semelhantes aos da Kondor Fly. Os investigadores identificaram o uso de equipamentos de Controle Numérico Computadorizado (CNC) e peças metálicas próprias para a fabricação de armamentos.

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“É possível que o mesmo padrão de fabricação seja utilizado em outras operações clandestinas em Piracicaba e Limeira”, afirmou o laudo da PF.

Embora os endereços não tenham sido divulgados, relatórios indicam que as investigações detectaram metalúrgicas pequenas que apresentavam equipamentos compatíveis com a produção de armamentos. Oficialmente, essas empresas são registradas para a fabricação de componentes aeronáuticos e automotivos.

Insumos adquiridos em empresas de usinagem

Durante a investigação, a PF descobriu que o grupo adquiria insumos metásticos de empresas em Campinas e Piracicaba, usando notas fiscais em nomes de terceiros. Um dos documentos apreendidos mostra a compra de chapas de alumínio aeronáutico 7075, materiais frequentemente usados na aviação e também em fuzis.

Wendel dos Santos Bastos, responsável pela logística do bando, mantinha contato com fornecedores utilizando documentos falsos. Um dos recebimentos, no valor de R$ 14.280, foi registrado para a Kondor Fly, assinado pelo proprietário Gabriel Carvalho Belchior.

“As compras eram feitas para protótipos aeronáuticos”, indicou o delegado Jeferson Dessotti, responsável pela investigação.

Os materiais chegavam à Kondor Fly por transportadoras e eram armazenados separadamente, dificultando o rastreamento das compras e dos produtos finais.

Movimentação financeira

A análise financeira revelou que o grupo vendia armas e peças, movimentando entre R$ 40 mil e R$ 70 mil mensalmente. Contas bancárias de familiares dos envolvidos eram usadas para facilitar as transações.

Conversas obtidas pela PF mostram negociações detalhadas. Em uma mensagem, Anderson enviou uma foto de uma peça e comentou que seria vendida pelo mesmo preço da última, mas com uma melhoria na rosca.

Em outra troca, Wendel confirmou o recebimento de R$ 9.800 via Pix, vindo de um contato relacionado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Relações entre os envolvidos

Os depoimentos evidenciam uma relação de confiança e uma clara divisão de tarefas entre os membros do grupo. Eles afirmam que recebiam ordens de um gerente da Kondor Fly, conhecido apenas como “Milque”. O dono da empresa era ciente das atividades noturnas, mas não questionava o que era feito.

“Nós fabricávamos as peças após o expediente, e o Gabriel não estava presente”, declarou Janderson.

A PF acredita que a produção clandestina começou pelo menos um ano antes da descoberta em agosto de 2025.

Expansão das investigações

Com novas descobertas em Piracicaba e Limeira, a PF abriu inquéritos para investigar máquinas e arquivos digitais clonados da Kondor Fly. Há indícios de que projetos de fuzis em CAD foram compartilhados com outros técnicos na região.

“O conhecimento técnico tem sido disseminado, aumentando o risco de novas fábricas clandestinas”, alertou o relatório.

A PF também pediu apoio do Exército Brasileiro para rastrear as origens dos materiais utilizados na fabricação das armas.

Próximos passos

O caso segue na 1ª Vara Criminal de Americana. Quatro acusados respondem por organização criminosa e comércio ilegal de armas. A PF estima que pelo menos 50 fuzis tenham sido produzidos em seis meses, distribuídos para quatro estados.

Gabriel Carvalho está foragido e é considerado foragido pela Interpol. Enquanto isso, Wendel permanece em liberdade, e Anderson e Janderson estão detidos. A defesa deles não foi localizada.

Os investigados e seus papéis

  • Gabriel Carvalho Belchior — proprietário da Kondor Fly; indiciado e foragido.
  • Anderson Custódio Gomes — programador CNC; preso.
  • Janderson Aparecido Ribeiro de Azevedo — operador e transportador; preso.
  • Wendel dos Santos Bastos — intermediário e logístico; em liberdade.
  • “Milque” — gerente; investigado.

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