Em julho deste ano, a Unidade de Saúde da Família (USF) Calabetão realizou um evento especial voltado para mulheres negras do bairro. A programação incluiu oficinas, distribuição de kits odontológicos, escovação supervisionada e práticas como reflexoterapia e aromaterapia.
Esse evento fez parte da II Mostra de Boas Práticas em Saúde da População Negra de Salvador, que ocorreu na Escola de Saúde Pública. A ocasião celebra os 20 anos da implementação da Política de Saúde da População Negra na cidade.
Anna Beatriz Ribeiro, cirurgiã-dentista da USF Calabetão, comentou sobre a participação de um morador local que, formado em dança pela UFBA, trabalhou em uma oficina de turbantes e participou de uma roda de conversa. Ela destacou a experiência enriquecedora que permitiu que as mulheres se vissem de uma forma nova.
A subcoordenadora em Cuidados Transversais em Saúde, Djara Mahim, enfatizou a relevância de uma política de saúde específica para a população negra em Salvador. A partir de diagnósticos feitos ao longo dos anos, a saúde dessa população foi inserida no Plano Municipal de Saúde, permitindo a definição de metas a serem cumpridas pelos profissionais.
Na mostra, também foi apresentado um mapeamento da população em situação de rua do Distrito Sanitário Cabula/Beiru.
Djara destacou que 94% das pessoas em situação de rua são negras, o que torna o tema ainda mais urgente.
A auxiliar de saúde bucal, Ana Paula Andrade, que participou do mapeamento, explicou que o objetivo é reduzir a invisibilidade dessa população e garantir a implementação da Política Nacional para a População em Situação de Rua. Ela planeja criar um “mapa vivo” para manter os dados atualizados e acessíveis.
Joana Carvalho, técnica da Saúde da População Negra, comentou sobre a riqueza do evento. Foram 12 apresentações de experiências exitosas na implementação da política de saúde, uma excelente oportunidade para troca de ideias e reconhecimento das ações que têm um impacto direto na qualidade do atendimento.
PROGRAMAÇÃO
A programação começou com uma mesa comemorativa que revisitava a trajetória da Política de Saúde da População Negra em Salvador. O Grupo de Trabalho de Saúde da População Negra foi criado em 2005, e essa iniciativa serviu como referência nacional antes da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra ser instituída em 2009.
Cândida Queiroz, uma das fundadoras do grupo, relembrou como o trabalho começou e a necessidade de um diagnóstico para justificar a criação de uma política de saúde voltada para a população negra, em um período onde a discussão já estava em andamento, mas sem diretrizes nacionais definidas.
Ao longo das últimas duas décadas, Salvador tem avançado na promoção da equidade racial em saúde com ações como a descentralização da linha de cuidado da Doença Falciforme, criação de Pontos Focais de Saúde da População Negra, o Programa de Combate ao Racismo Institucional e cursos sobre Racismo e Saúde. Essas iniciativas são fundamentais para fortalecer o cuidado integral às pessoas e suas famílias, contribuindo para a redução das desigualdades étnico-raciais nas unidades de saúde.
E você, o que acha das iniciativas de saúde voltadas para a população negra em Salvador? Seus comentários são muito bem-vindos.

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