A Polícia Federal (PF) desvendou uma operação que desviou R$ 640 milhões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por meio de fraudes em mensalidades associativas de aposentados, envolvendo a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer).
A investigação revelou três núcleos dentro da Conafer, presidida por Carlos Lopes. Na quinta-feira (13/11), a entidade foi alvo de uma nova fase da Operação Sem Desconto, que resultou em mandados de busca e apreensão. Três ex-dirigentes do INSS, incluindo o ex-presidente Alessandro Stefanutto, foram presos.
Carlos Lopes era um dos procurados, mas estava foragido até esta sexta-feira (14/11). O esquema também envolveu pagamento de propina a José Carlos Oliveira, ex-presidente do INSS e ministro da Previdência no governo de Jair Bolsonaro, que recebeu ordem de usar tornozeleira eletrônica.
Núcleo político
O núcleo político incluía o deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) e seus assessores. Em troca de propinas, eles garantiram apoio ao acesso da Conafer ao INSS, permitindo a manutenção de descontos sobre aposentadorias. Pettersen, considerado o maior beneficiário, recebeu pelo menos R$ 14,7 milhões através de uma lotérica e uma construtora.
Walton Cardoso Lima Júnior, ex-assessor de Pettersen, atuava como intermediário entre Lopes e o deputado. A PF classificou tanto Walton quanto outro assessor como “operadores financeiros” do parlamentar.
Pettersen se manifestou em nota, apoiando as investigações e se colocando à disposição das autoridades.
Núcleo financeiro
Cícero Marcelino de Souza Santos é apontado como o operador financeiro da Conafer. Ele facilitava repasses a agentes públicos em troca de vantagens. O núcleo também cuidava da lavagem de recursos ilícitos por meio de empresas fictícias.
A PF encontrou mensagens em seu celular que comprovam sua participação no esquema, onde o ex-superintendente do INSS, Rogério Soares de Souza, cobrou pagamentos. A PF identificou um repasse de R$ 40 mil após uma das cobranças.
Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), também foi identificado como parte do núcleo financeiro, subordinado a Cícero.
Núcleo de comando
O núcleo de comando é liderado por Carlos Lopes, visto como o arquétipo do esquema criminoso. A PF afirma que ele induzia aposentados a assinarem formularios para fraudes e controlava as transferências financeiras do esquema.
Alvos da prisão nesta quinta
- Alessandro Antônio Stefanutto, ex-presidente do INSS
- Antonio Carlos Camilo, conhecido como Careca do INSS
- André Paulo Félix Fidelis, ex-diretor do INSS
- Virgílio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador do INSS
- Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa de Virgílio
- Carlos Lopes, presidente da Conafer
- Tiago Abraão Ferreira Lopes, diretor da Conafer
- Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior, operador financeiro da Conafer
- Cícero Marcelino de Souza Santos, lobista
- Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho
Esta investigação levanta questões importantes sobre a integridade nas práticas do INSS. O que você pensa sobre esses desvios de recursos que afetam diretamente aposentados e pensionistas? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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