Como saber se a tireoide pode estar te impedindo de emagrecer

A tireoide é uma glândula fundamental para a produção de hormônios que controlam funções essenciais como desenvolvimento e metabolismo. Enquanto o hipertireoidismo, que é o excesso de hormônios, pode levar à perda de peso rápida, o hipotireoidismo, que se caracteriza pela produção insuficiente, está relacionado ao ganho de peso e à dificuldade em emagrecer.

Sinais para estar atento

Segundo Francisco Tostes, especialista em medicina do esporte e endocrinologia, a tireoide não é a principal causa de dificuldade para emagrecer, mas alguns sinais podem indicar a presença de hipotireoidismo.

Preste atenção nos seguintes sintomas:

• Cansaço excessivo inexplicável;
• Sensação de frio constante;
• Pele seca;
• Queda de cabelo;
• Inchaço, especialmente no rosto.

Francisco ainda ressalta que, embora o hipotireoidismo possa reduzir o metabolismo, a maioria do ganho de peso em casos leves está relacionada à retenção de líquidos, e não ao aumento de gordura corporal.

“Ele pode diminuir um pouco o metabolismo, mas a maior parte do ganho de peso em quadros leves vem de retenção de líquidos, não de aumento de gordura corporal”, explica o médico.

Impacto das alterações hormonais da tireoide

Otavio Morais, especialista em endocrinologia, destaca que as alterações na tireoide influenciam o emagrecimento ao regular o “ritmo metabólico” de praticamente todas as células. Com o hipotireoidismo, mesmo em formas leves, o corpo funciona de forma mais lenta. Isso resulta em menor gasto calórico, favorecendo a retenção de líquidos e aumentando a sensação de cansaço, sem contar que diminui a termogênese, ou seja, o corpo “queima menos energia” para suas funções básicas.

Além disso, existem condições como a tireoidite de Hashimoto, que provocam flutuações hormonais e uma resistência maior à insulina, criando um ambiente metabólico que dificulta a perda de gordura, mesmo com dietas adequadas. Essas condições não impedem totalmente o emagrecimento, mas podem retardar significativamente até que o equilíbrio hormonal seja restaurado.

Exames para identificar disfunções da tireoide

Para diagnosticar problemas na tireoide, Tostes recomenda exames específicos como TSH e T4 livre, que são sensíveis a alterações na função tireoidiana. O T3 livre geralmente não é necessário como rotina, mas pode ser útil em casos específicos. Além disso, a avaliação de anticorpos antitireoidianos ajuda a identificar a tireoidite de Hashimoto, a principal causa de hipotireoidismo.

Estratégias para melhorar a regulação hormonal

Otavio Morais sugere uma abordagem integrada para quem enfrenta dificuldade em emagrecer devido a problemas na tireoide.

Alimentação personalizada

• Aumentar a ingestão de proteínas para preservar a massa magra e incrementar a termogênese;
• Garantir a ingestão adequada de nutrientes como selênio, zinco, ferro, iodo, vitamina D e ômega-3, que ajudam na conversão hormonal e reduzem a inflamação;
• Aplicar estratégias anti-inflamatórias no caso de Hashimoto e ajustar a modulação do glúten conforme a sensibilidade de cada um.

Exercícios inteligentes

• Incluir treinos de força de duas a quatro vezes por semana, essenciais para aumentar a massa magra;
• Realizar atividades aeróbicas de forma regular, priorizando a consistência ao invés de excesso de volume;
• Introduzir treinos intervalados após estabilizar a hormonal.

Reposição hormonal e medicação

• Utilizar levotiroxina ou tratamentos combinados em casos específicos, sempre sob supervisão médica;
• Medicamentos como agonistas do GLP-1 podem ser úteis para lidar com a dificuldade persistente de emagrecimento, mesmo com a tireoide controlada;
• A suplementação de selênio é eficaz na diminuição de anticorpos da tireoide.

Regulação do estilo de vida

• Manter um padrão de sono saudável e respeitar o ritmo circadiano são fundamentais para a conversão de T4 em T3;
• Gerenciar o estresse é crucial, pois o cortisol pode interferir na função da tireoide.