Jair Bolsonaro (PL), após ser detido por suposta tentativa de fuga e dano à tornozeleira eletrônica, passou por uma audiência de custódia no último domingo. Durante a sessão, ele afirmou que quebrou o dispositivo devido a uma “certa paranoia”, causada pela interação inadequada entre dois medicamentos que utiliza: pregabalina e sertralina.
Especialistas consultados explicam que a associação desses remédios normalmente não leva a alucinações ou surtos nos pacientes. A pregabalina é um anticonvulsivante usado também para dores neuropáticas e transtornos de ansiedade. Já a sertralina, um antidepressivo, é empregada no tratamento de depressão e ansiedade.
Walleri Reis, farmacêutica do Conselho Federal de Farmácia, destaca que a combinação dos dois medicamentos não apresenta riscos significativos e reações adversas são raras. Por outro lado, a sertralina pode, em alguns casos, reduzir os níveis de sódio no sangue, e isso pode ser mais crítico quando usada junto a anticonvulsivantes como a pregabalina. Contudo, esses efeitos não estão relacionados a surtos ou alucinações.
“Apenas uma avaliação de saúde multiprofissional poderia determinar se isso aconteceu ou não no caso do ex-presidente”, afirma uma professora da Universidade Federal da Paraíba.
Efeitos estão mais ligados ao sono
Na audiência, Bolsonaro revelou que não descansou bem na noite anterior, explicando que teve um “sono picado”. Ele mencionou ter alucinado que havia escuta no aparelho e tentou abrir a tornozeleira com um ferro de solda, mas abortou a ideia e avisou os agentes sobre o ocorrido.
Adriana Gama, farmacêutica, acrescenta que sonolência, tontura e diminuição da atenção são comuns com esses medicamentos. Entretanto, alucinações são incomuns.
“O uso desses medicamentos é uma prática clínica comum e considerada segura para tratar ansiedade e depressão. A chance de alucinações é descrita como incomum, afetando apenas de 0,1% a 1% dos usuários”, explica uma especialista do Hospital de Base.
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