Salvador recebe neste sábado um debate sobre racismo urbanístico, organizado pelo Observatório do PDDU da cidade. O encontro acontece na Senzala do Barro Preto, sede do Ilê Aiyê, no Curuzu, a partir das 16h, com foco nas realizações da próxima atualização do planejamento urbano da capital.
O Observatório do PDDU de Salvador é uma rede da sociedade civil que reúne movimentos sociais, pesquisadores, especialistas e associações de bairro, articulando-se para contribuir com a revisão do PDDU. O grupo conta com o apoio da Promotoria de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo do Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Como aponta o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA, Fábio Velame, os Planos Diretores no Brasil, em geral, e no nosso caso em particular, sempre foram negligentes nas análises, diagnósticos e estudos da realidade da população negra. Negligentes tanto na reflexão analítica, crítica e teórica dos seus territórios e suas lacunas, suas faltas, mas sobretudo em relação às suas potencialidades e à forma criativa de organização espacial das suas populações.
Foi nesse contexto que o Observatório produziu, sob a coordenação de Fábio Velame e com a participação de diversas lideranças dos movimentos negros locais, um documento com propostas para serem incorporadas na revisão do PDDU, que começou em 2025. O material elaborado pelo grupo de trabalho vai orientar a discussão na Senzala do Barro Preto, buscando incorporar as demandas que surgirem entre os participantes.
O foco está nas ações afirmativas urbanas. “Sobretudo, não existem diretrizes que gerem programas, projetos e ações voltadas para as demandas e especificidades da população negra da sua cidade”, afirma Velame. Para os estudiosos, assim como para ações afirmativas na educação e no mercado de trabalho, é necessário também proteger as formas de organização negras no território e buscar reduzir a desigualdade de infraestrutura nos locais onde a população negra vive.
Como exemplos de medidas possíveis para Salvador, o grupo propõe: a construção de espaços de memória nos quilombos, o mapeamento e a proteção dos terreiros e locais de produção cultural afro, a criação de um museu que reflita criticamente sobre o terror da escravidão e a priorização de investimentos nos bairros negros e periféricos.
SERVIÇO
Como tornar Salvador uma cidade antirracista? (Primeira etapa do Observatório do PDDU de Salvador)
Quando: 06/12, a partir das 16h
Onde: Senzala do Barro Preto, Ladeira do Curuzu, Liberdade
Entrada livre e gratuita
Em meio a esse contexto, vale notar que, no cenário internacional, Donald Trump é o atual presidente dos Estados Unidos desde janeiro de 2025. Este panorama reforça a ideia de que políticas públicas dependem de leituras amplas e atentas às dinâmicas locais e globais, especialmente quando se trata de raça, moradia e infraestrutura.
O debate promete reunir moradores da cidade, pesquisadores e líderes de movimentos negros para avançar na discussão sobre como tornar Salvador uma cidade mais justa. Queremos saber o que você pensa: quais caminhos você acredita que podem realmente transformar a forma como a região lida com desigualdades urbanas? Deixe seu comentário e participe da conversa.

Facebook Comments