Nesta quinta-feira, 4, Salvador recebe uma homenagem à memória de Cira do Acarajé. Às 17h será inaugurada uma efígie na Praça Oxum do Abaeté, em Itapuã, pela Prefeitura, com participação da Fundação Gregório de Mattos e da Secretaria de Cultura e Turismo. A iniciativa celebra a trajetória da quituteira e reforça seu papel na cultura baiana.
A escolha do local não foi por acaso. Roberta Santucci, gerente de Patrimônio da FGM, afirma que o pedido feito em 2023 apontou para o espaço mais representativo da história de Cira. “Cira permanece como uma das figuras mais emblemáticas da cultura de Salvador. Seu trabalho como baiana de acarajé ultrapassou a gastronomia e virou símbolo de resistência, de tradição afro-brasileira e de identidade soteropolitana”, disse.
Ela, cujo batismo era Jaciara de Jesus, transformou a própria história e ajudou a projetar Itapuã como referência cultural e gastronômica. Sua presença e carisma contribuíram para que a localidade se tornasse ponto de referência na cidade.
“Praça de Cira na Rua Aristides Milton passou a ser reconhecida como Praça de Cira justamente por ressignificar aquele espaço com a sua presença, ofício e carisma. Por isso, entendemos que este é o lugar mais justo e representativo para receber a homenagem”, explicou a gerente da FGM, lembrando a coincidência com o Dia de Iansã.
A coincidência com o Dia de Iansã reforça a força cultural impressa pela quituteira.
Cira começou aos 12 anos no tabuleiro, cuidando de quatro irmãos após a morte da mãe, aos 17. Sua perseverança e a qualidade de seus quitutes em Itapuã e, depois, no Rio Vermelho, renderam prêmios e reconhecimento em escala nacional e internacional.
Desde o falecimento, os negócios são administrados pela filha, Juçara Santos, e pela ex-nora, Ana Paula Cruz. Juçara expressou profunda gratidão pela homenagem.
“Mainha foi sinônimo de acolhimento, sabor e resistência”, destacou Juçara. Ela acrescentou que a matriarca “eternizou no azeite de dendê a força de gerações de mulheres negras” e que o legado permanece forte, vivo, no cheiro, no sabor e no amor com que as receitas são preparadas.
A efígie foi criada pela Fundação Gregório de Mattos, em parceria com a Desal, a Companhia de Desenvolvimento Urbano, para celebrar a quituteira que transcendeu a gastronomia e se tornou símbolo cultural da cidade.
A obra reforça a importância de Itapuã e do Rio Vermelho na memória gastronômica e cultural de Salvador, mantendo viva a história de uma mulher que uniu sabor, acolhimento e resistência.
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