Airbnb: turista brasiliense que ficou paraplégica faz longo desabafo

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Airbnb de Itacaré: turista de Brasília fica paraplégica em queda durante férias e Justiça obriga plataforma a pagar despesas médicas

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Uma turista de 42 anos, Daniella Maia, natural de Brasília, ficou paraplégica após cair do parapeito de uma casa alugada pelo Airbnb em Itacaré (BA) durante férias em janeiro de 2025. Ela segue em reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, com o objetivo de recuperar a mobilidade e retomar atividades da vida diária.

A história ganhou um novo desfecho jurídico: a Justiça determinou que o Airbnb pague as despesas médicas mensais de Daniella até o julgamento definitivo do processo. A decisão, em caráter liminar, também estabelece que o pedido de reparação por danos pode chegar a R$ 12 milhões, com estimativas que variam conforme a evolução do quadro da paciente.

No total, a plataforma já havia reembolsado cerca de R$ 470 mil para o tratamento inicial, mas as negociações seguiam sem evolução. A seguradora da empresa envolve-se no caso, que aguarda o desfecho do processo enquanto Daniella se mantém em tratamento no Sarah Kubitschek, com apoio de profissionais de saúde e cuidadoras.

“O que eu mais sinto falta é da liberdade que eu tinha, de simplesmente sair de casa, pegar o carro, ir ao shopping, levar e buscar meu filho na escola, trabalhar… Antigamente, eu tinha dois empregos, ainda tinha as coisas da escola do meu filho para participar. No meu tempo livre eu gostava de sair com meus amigos, ir a praia, mergulhar. Sempre gostei de estar em contato com a natureza, fazer trilhas, andar a cavalo”, afirma Daniella.

Daniella é casada, tem um filho e diz sentir falta dos abraços que antes davam suporte emocional e físico, especialmente pela limitação de ficar em uma cadeira de rodas. Ela afirma que os pequenos gestos do cotidiano — escovar os dentes, sentar no sofá, ir ao carro — demandam ajuda constante e que o cotidiano na capital federal não é planejado para cadeirantes.

Veja: Daniella continua em reabilitação com a equipe do Sarah Kubitschek, recebendo suporte de cuidadores, fisioterapia e acompanhamento psicológico. Ela não esconde a tristeza com a aproximação de um ano desde a queda, momento em que a luta por melhoria ganha contornos legais e sociais.

Ao falar sobre os sonhos que ficaram para trás, Daniella mencionou o desejo de abrir um negócio de banho e tosa. A queda mudou planos profissionais — especialmente por não conseguir lidar com animais de grande porte. Mesmo com o foco na recuperação, ela reforça a necessidade de políticas públicas e de regras mais rigorosas nas plataformas de hospedagem para evitar casos semelhantes.

Segundo a decisão liminar, o objetivo é que a Airbnb cubra mensalmente as despesas médicas enquanto o processo não é julgado. O valor inicial para reparação pode oscilar entre R$ 20 mil e R$ 40 mil por mês, dependendo da evolução do quadro clínico de Daniella. O caso tramita na Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

O advogado de Daniella, Davi Souza, explica que a liminar é para antecipar os efeitos da tutela e que o Airbnb deve arcar com os custos até o julgamento final. A paciente morava na Austrália com o marido e o filho e retornou a Brasília para a reabilitação, sem planos de retornar ao Brasil em curto prazo. A decisão também determina que a paciente apresente relatórios mensais das despesas médicas.

Daniella e o marido, que teve que vender o negócio na Austrália para acompanhar o caso, estão desempregados. A família aguarda uma solução definitiva para retomar a normalidade, com a esperança de que o suporte financeiro e as políticas de segurança sejam fortalecidos, para evitar que situações parecidas voltem a acontecer com outros viajantes.

A queda

O acidente ocorreu logo após a família retornar de um dia de praia — “o melhor dia da viagem”, nas palavras de Daniella. Ao conversar com o marido por telefone, ela apoiou o guarda-corpo da varanda da casa alugada e caiu. A queda a deixou inconsciente e a ajuda inicial veio da prima, uma enfermeira, que iniciou os primeiros socorros.

“Me lembro de encontrá-la desacordada e emitindo alguns sons estranhos. Foi quando apoiei a cabeça e o pescoço dela de forma a evitar movimentos, cheguei a pegar o celular dela e conversar com o marido que estava muito preocupado em ouvir toda a dinâmica”, contou a enfermeira.

O local não tinha sinal de celular, apenas internet, o que complicou a situação. A família precisou chegar às áreas externas do condomínio para acionar o Samu, que demorou cerca de uma hora e meia para chegar ao local. A Metrópoles entrou em contato com o Airbnb, que afirmou que o processo segue na Justiça e que cumprirá as determinações legais ao término do julgamento definitivo.

Daniella vive no DF para a recuperação, sem planos de retorno definitivo à Austrália. A decisão judicial, ainda liminar, aponta para um caminho de responsabilização da plataforma, com foco na segurança dos espaços de hospedagem para turistas com mobilidade reduzida. A família continua buscando estabilidade financeira e apoio adequado para a nova fase de vida.

E você, o que acha de plataformas de hospedagem terem regras mais rígidas de segurança e de responsabilidade? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe a leitura com quem precisa acompanhar casos como este.

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