Muçulmanos da região de Java Ocidental, na Indonésia, exigem o fechamento da Igreja Católica de São Vicente A. Paulo, em Tlajung Udik, Gunung Putri, Bogor, alegando que as reformas para o Natal não teriam autorização. Em 6 de dezembro, 20 fiéis ligados à BP2UI — Agência Islâmica de Empoderamento e Desenvolvimento — realizaram uma manifestação na vila, empunhando faixas que pediam o fechamento de igrejas consideradas ilegais.
As faixas traziam mensagens como “Fechem e derrubem as igrejas ilegais” e acusações de irregularidades. A mobilização ganhou cobertura da imprensa local, com apelos para que reformas sejam suspensas até que haja licença formal.
O porta-voz da BP2UI, Anhari Sulthoni, afirmou que a construção da igreja, iniciada há quase 25 anos, ocorreu sem a devida coordenação com a localidade, e que as obras de renovação devem ser interrompidas até a obtenção da licença. A declaração foi veiculada pelo NetralNews.com.
O chefe do Departamento de Assuntos Religiosos da Região de Bogor, Ahmad Sjukri, disse à imprensa que lamentava a manifestação. Ele informou que a Kesbangpol participou de uma reunião em 17 de novembro que “concluiu a conclusão do processo de autorização” para a igreja. No entanto, destacou que, em uma democracia, os manifestantes poderiam ingressar com ação judicial no Tribunal Administrativo do Estado caso discrepâncias surgissem.
A Igreja Católica rejeitou as acusações. O advogado Siprianus Edi Hardum disse que o prédio tem status legal regular, com o Alvará de Construção (IMB) nº 645.8/182TRB/2000, emitido em 21 de dezembro de 2000. A fundação da igreja baseou-se no Decreto Conjunto dos Ministros dos Assuntos Religiosos e do Interior de 1969, que orienta procedimentos relacionados à ordem religiosa e ao culto.
Edi também explicou que, embora as reformas tenham seguido o IMB, a igreja teria atuado com base nas normas antigas para emissão do documento, conforme o artigo 346, parágrafo 1º, do Decreto Governamental nº 16 de 2021, que mantém válidas licenças emitidas antes da vigência do regulamento, desde que não haja mudança de localização. Ele ressaltou que essa interpretação está alinhada com o texto legal relevante.
Kurnia Indra, chefe do subdistrito de Gunung Putri, e outros moradores manifestaram pesar online, pedindo ao governo e às forças de segurança que não se deixem influenciar por grupos muçulmanos contrários à igreja.
Segundo o site da Diocese de Bogor, keuskupanbogor.org, a Igreja de São Vicente A. Paulo teve origem como capela da Paróquia da Sagrada Família, em Cibinong, construída em terreno de 1.000 m² doado pela PT. Ferry Sonneville em 1996. A igreja foi inaugurada em 1º de setembro de 2001 e hoje reúne mais de 1.800 fiéis, tendo iniciado reformas em preparação para o Natal.
Em outubro de 2025 surgiram rumores de que a obra seria ilegal. Em 10 de outubro, o pároco Eko foi chamado a uma reunião no escritório da aldeia de Tlajung Udik; em 6 de novembro, o governo local autorizou a continuidade das reformas. Em 8 de novembro, o chefe da aldeia prometeu segurança para todas as comunidades religiosas e anunciou uma nova reunião. Em 13 de novembro, a igreja recebeu uma carta da BP2UI ao prefeito de Bogor com o título “Estabelecimento de uma Igreja Ilegal”, considerado por Edi como conteúdo provocativo.
Nos últimos anos, a Indonésia tem adotado um perfil mais conservador no âmbito islâmico, e igrejas envolvidas em atividades evangélicas têm ficado sob maior vigilância de grupos extremistas, conforme o relatório da organização cristã Portas Abertas.
Este episódio ilustra o desafio de conciliar licenças, legislação e práticas religiosas em uma região de diversidade religiosa na Java Ocidental, com autoridades ressaltando a validade de licenças anteriores e a proteção ao direito de culto, em meio a um debate público acalorado.
E você, como vê o equilíbrio entre direitos de culto, licenças administrativas e segurança pública em sua cidade? Compartilhe sua opinião, perguntas ou experiências nos comentários abaixo.

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