Cemitérios clandestinos movidos por facções criminosas têm sido usados para ocultar homicídios de rivais. O que era visto como exceção tornou-se rotina em parte da região, com a prática de um ritual conhecido como “tribunal do crime”, em que líderes aprovam a morte e os envolvidos recorrem a decapitações, amputações e desmembramentos para dificultar a identificação dos corpos.
Após esse ritual, as vítimas são descartadas em locais remotos — áreas de mata fechada, zonas rurais e imóveis abandonados — formando cemitérios clandestinos que aparecem nas investigações como o desfecho mais comum das mortes. Essa dinâmica complica a localização de vestígios e a elucidação dos casos.
Para dificultar ainda mais a investigação, muitas mortes são ocultadas por meio de enterro ou queima, de modo a apagar evidências. Provar um homicídio sem o corpo depende de testemunhas que tenham presenciado o sequestro ou a execução, o que é raro por medo de retaliação.
A prática ganhou força desde 2021, com relatos de que grande parte das vítimas pertence a facções inimigas do Comando Vermelho (CV), organização que domina a região. Delegados enfatizam que, embora desafiadora, a apuração continua e pode levar à condenação dos autores, evitando distorções nas estatísticas de homicídios.
Em outubro, a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) encontrou no Morro do Jordão um cemitério clandestino no meio de uma mata, com esqueletos humanos e um poço de 30 metros usado para descartar corpos da facção. No início deste mês, a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Confresa, em Mato Grosso, revelou um segundo “cemitério do tráfico” próximo a área rural entre Confresa e Araguaia, com dois corpos enterrados, um deles com a cabeça separada do tronco.
Essas descobertas reforçam que o objetivo é impedir que homicídios sejam identificados por meio do corpo. Mesmo com denúncias, a investigação fica prejudicada pela ausência de vestígios ou de informações sobre as vítimas, exigindo ferramentas de inteligência e colaboração entre unidades para avançar nos casos.
As investigações destacam que, embora seja desafiador, o combate a essa prática existe e pode levar à responsabilização dos culpados, evitando que esse tipo de crime distorça as estatísticas de violência na região.
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