Eu ia escrever sobre o MasterChef no STF, mas mudei de ideia para falar de um episódio ocorrido em Porto de Galinhas, Pernambuco, que expõe uma barbárie ainda presente em nossa sociedade.
Não sou fã de praia: areia demais, gente demais. Itacaré, na Bahia, é a exceção, com areia, mas pouca gente. Mesmo assim, fico no máximo quatro dias.
Desço ao Sul e, antes de subir ao Norte, observo o Sudeste com olhar crítico. No Rio, Copacabana já não é mais a mesma; Ipanema parece Copacabana e o Leblon parece Ipanema. A orla está repleta de paus, redes, traves e bandeiras; um cenário que lembra uma praia de guerra. Onde não há paus, surgem barracas com higiene duvidosa e uma multidão de ambulantes.
Os beach clubs ocupam o calçadão, promovendo festas ao entardecer com música alta, que muitas vezes bloqueia a vista do mar. Ao meio-dia, viram botecos que vendem prato feito, e a brisa, antes de mar, fica com cheiro de fritura — parecendo as esquinas de São Paulo.
Ao chegar a Porto de Galinhas, o casal de Mato Grosso, Cleiton Zanatta e Johnny Andrade, alugou cadeiras; ao devolver, o preço quase dobrou. A discussão esquentou, houve agressões, e houve risco de linchamento. Salva-vidas entraram em ação para socorrer os turistas.
A governadora Raquel Lyra declarou que Pernambuco não admite violência e que o estado é acolhedor. Mas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, Pernambuco tem a maior taxa de homicídios dolosos do país, com 3.349 vítimas em 2024, ou 35,1 mortes por 100 mil habitantes.
Essa combinação de episódios mostra que o turismo pode conviver com violência, e que o cotidiano de praias pode carregar sinais de uma sociedade marcada pela falta de ordem. Não é apenas uma praia específica; é uma dinâmica mais ampla que exige reflexão e ações para reduzir a violência e melhorar a convivência.
Como você vê a relação entre turismo, segurança e convivência nas praias do Brasil? Compartilhe sua opinião nos comentários e participe da conversa.

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