A influencer Cinthya Marques, esposa do bilionário João Adibe, gravou em agosto um vídeo nas obras da mansão da família nos Jardins, um dos bairros mais caros de São Paulo. A Justiça embargou a obra neste mês e proibiu a emissão do Habite-se para o imóvel.
No registro, ela descreve itens da casa, como a piscina inspirada em Gianni Versace e o lavabo que presta homenagem a Paris, conforme o vídeo publicado no perfil da influencer, que soma quase 300 mil seguidores.
As imagens foram encaminhadas ao Condephaat pelo banqueiro André Schwartz, vizinho da obra, em meio a acusações de deboche frente às ordens de embargo. A Associação dos Moradores dos Jardins (AME Jardins) moveu ação civil pedindo a paralisação da construção, argumentando que a reforma resultou na demolição quase total da antiga mansão e causou danos à residência vizinha.
O laudo técnico anexado à ação aponta trincas e fissuras nas paredes, além de prejuízos ao uso normal do imóvel. O Jardim Paulista, região estritamente residencial, abriga regras rígidas que, segundo a AME Jardins, teriam sido desrespeitadas ao extrapolar alturas, infringir recuos e realizar intervenções não previstas no projeto aprovado, como a edificação de um segundo pavimento.
A entidade também denunciou a supressão da vegetação e a pavimentação que compromete a permeabilidade do solo, além de infiltrações, diminuição de insolação e invasão de privacidade do imóvel vizinho.
No último dia 19, a juíza Mariana Medeiros Lenz, da 9ª Vara da Fazenda Pública, determinou a paralisação imediata da obra e de seus serviços, com multas diárias de 50 mil reais e teto de 5 milhões. A decisão autorizou a entrada de servidores do Condephaat para vistoria completa e interditou o Habite-se, além de determinar a averbação da ação na matrícula do imóvel.
Os advogados de João Adibe afirmaram que a obra foi autorizada por todos os órgãos competentes e já foi concluída há meses, portanto não procede o embargo. Eles ressaltam que o imóvel possui Habite-se e citam um laudo pericial que, segundo eles, não atribui responsabilidade ao proprietário, defendendo que os danos seriam da manutenção do vizinho.
A AME Jardins já havia indicado que a obra desrespeita tombamentos, regras de recuos e alterações não previstas, afetando a vegetação, a permeabilidade do solo e a privacidade do imóvel vizinho. A decisão ressalta a proteção do patrimônio ambiental e tombado diante de intervenções significativas no local.
O caso segue em tramitação e reacende o debate sobre os limites de intervenções de alto padrão em áreas tombadas e a convivência entre luxo, preservação e direito de vizinhança. Qual é a sua opinião sobre esse conflito entre interesses privados e a proteção do patrimônio urbano? Compartilhe nos comentários com seus argumentos.

Facebook Comments