Parafuso: o sequestro do voo 375 (parte 1)

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Amanheci pensando em fatos surreais (e reais) que dariam um bom filme. Talvez porque tenha lido de madrugada, enquanto transitava pelas infovias de sempre, algumas notícias sobre o sequestro do voo 375. Claro que tem a ver também com assistir demais aos vídeos do canal do Lito no Youtube, sempre preciso como uma bússola em seu ???Aviões & Música???. Confesso que ainda fico impressionada de perder o sono com certas histórias. Essa, por exemplo, me levou a ler Caixa Preta, de Ivan Sant’Anna, um dos melhores relatos sobre o que realmente aconteceu naquele 29 de setembro de 1988.

Dizem que, ano que vem, finalmente sai o primeiro longa-metragem contando a história da invasão da cabine da aeronave da Vasp por um trabalhador da construção civil desempregado, Raimundo Nonato Conceição, que meteu na cabeça a ideia fixa de matar o então presidente do país jogando um avião sobre o Palácio do Planalto. O filme deve mostrar também a proeza aérea do piloto Fernando Murilo, que, mesmo seguido de perto por caças supersônicos, executou duas manobras acrobáticas consideradas, até aquele momento, improváveis de serem feitas no comando de um Boeing 737.

Ainda por cima, conseguiu escapar de uma pane seca, aterrissando no aeroporto de Goiânia em segurança, segundos antes do apagamento total do único motor que restava por falta de combustível. E fez tudo isso sob a mira de um revólver e após ter presenciado o assassinato do copiloto, Salvador Evangelista, conhecido como Vângelis. Dois comissários também estavam feridos e sangrando dentro da aeronave. Cena de filme que só agora, mais de trinta anos depois, veremos no cinema. Pensar que aquele pouso no Rio Hudson, em 2009, virou longa com Tom Hanks em 2016.

O Comandante Murilo morreu em agosto de 2020, confessadamente ressentido por nunca haver recebido um agradecimento pessoal do ex-presidente José Sarney, alvo do ataque, muito embora tenha sido homenageado algumas vezes, inclusive com a entrega de um troféu pelo Sindicato dos Aeronautas. Toda essa história surreal, que antecipa em treze anos o que aconteceria em 2001 nas Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, coincidentemente também no mês de setembro, merece ser contada com maiores detalhes. Então, na próxima semana, me aguardem.

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