Foram dois anos sem o Festival Sangue Novo, que não ficou alheio ao seu entorno e precisou paralisar suas atividades por conta da pandemia do coronavírus. Em 2022, assim como muita coisa no mundo, ele voltou. E vem muito ela. Muito elas, com mais de 80% da programação feminina. Seis das oito mulheres que vão subir ao palco são negras. Quatro são da Bahia. Três são jovens que estão em seus primeiros trabalhos, seja em EP ou álbum.
Entre os vários destaques, escolhemos falar um pouco mais sobre Sued Nunes, Melly e Rachel Reis. Três artistas que falam sobre muitas possibilidades de juventude e de Bahia. Melly, 21, é uma soteropolitana que passou parte da vida no Rio Grande do Norte e toca R&B. Sued, 23, é de Sapeaçu, com raízes e frutos em Cachoeira, mulher de terreiro e que tem no tambor e na religiosidade um guia para sua música. De Feira de Santana, Rachel Reis, 24, mistura MPB, samba, reggae, bolero, pagode, afrobeat e ijexá.
Além delas, o festival que vai desta sexta (21) até domingo (23) ainda conta com a também baiana Luedji Luna, as mineiras Marina Sena e MC Tha; e a paulista MC Tha – que, por sinal, conta com a jovem percussionista baiana Beatriz Sena, 18, na banda. Beatriz também toca com Sued.
“?? muito forte ver três mulheres da cena baiana movimentando um cenário musical. (…) ?? importante a gente entender que existem várias Bahia quando a gente fala de Melly, de Rachel e de Sued. Rachel Reis com a Bahia do interior, de Feira de Santana e existe a Bahia de Sued, que é a Bahia de Sapeaçu, um outro interior, de uma mulher que foi para Cachoeira. Cada uma dessas mulheres quando sobe no palco leva essas vidas, simbologias”, diz Sued Nunes.
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Sued Nunes que dar ao show no Sangue Novo um gostinho do que virá em seu segundo disco (Foto: Ricardo Fontes/Divulgação) |
Vivendo em lua de mel com o lançamento do seu primeiro disco, Meu Esquema, Rachel Reis é outra que não esconde a ansiedade para subir no palco do Sangue Novo e fazer o primeiro show do álbum, com o repertório fresquinho. ????? especial fazer parte disso. A gente vem de um mercado que, há pouco tempo, quem tinha destaque eram pessoas brancas. Eu venho de uma mãe preta, que era cantora de seresta, e isso significa muito pra mim, ocupar esse espaço, ter essa abertura???, pontua.
Rachel vai cantar hoje, junto a Marina Sena e Sued Nunes. ???Então estou com uma expectativa muito grande de fazer acontecer. Tem gente nas publicações pedindo para liberar mais ingresso. Acho que vai ser uma abertura com chave de ouro com essas três vozes femininas. Vai ser incrível, é uma line muito forte???, destaca.
Caçula entre as atrações, Melly comemora o seu momento com a música – que nem era prioridade em sua vida. Além de musicista, ela também estuda Direito na Ufba. ???Mas acabou que se tornou isso aqui, as pessoas se identificaram, gostaram muito e eu fico muito feliz com a repercussão. ?? muito bom quando você recebe reconhecimento por algo que faz e consegue fazer algo bem. Estou nesse início e acho que talvez esteja no caminho certo. ?? muito bom tocar as pessoas em lugares específicos, de maneira sentimental???, pondera.
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Rachel Reis vai fazer primeiro show de seu primeiro disco, que tem boa recepção do público (Foto: Nino Franco/Divulgação) |
Além de tocar no festival, Letrux, Rachel Reis, Melly e Sued Nunes participam do podcast Mulher com A Palavra, apresentado pela jornalista Luana Assiz, que também é uma iniciativa da Maré Produções – que realiza o evento. Serão 4 episódios, cada um apresentando a trajetória de uma das artistas, disponibilizados no Youtube do iBahia, Spotify e Deezer..
Diversidade
Há um mês, o Sangue Novo ganhou o Selo Equal, da Women???s Music Event (WME), por incentivar a equidade de gênero na indústria musical. De volta à cena, o festival agora tem a curadoria de sua coordenadora- geral, Fernanda Bezerra. Antes, o jornalista Hagamenon Brito era responsável por esse trabalho. Fernanda diz que tem sido um momento bom de viver e poder marcar a diversidade é algo a interessa. Ela garante que a tendência do Sangue Novo é seguir priorizando artistas femininas e antecipa que, no próximo ano haverá um ganho no espaço para comemorar a quinta edição.
???Não quer dizer que a partir de agora será 100% com artistas femininas, mas a tendência é priorizar as mulheres. Há demanda de público para isso. Essas artistas podem não ocupar os meios oficiais de TV, mas tocam no YouTube, Spotify, viralizam, vão ao Tik Tok. Não precisamos desses meios tradicionais para explodir???, afirma a curadora.
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Melly comemora o momento que vive com a música (Foto: Florian Boccia) |
Os ingressos estão bem próximos de esgotar. Na plataforma Sympla, só há disponível a inteira para o último dia, custando R$50. No dia, vão tocar Virus Carinho, Urias, Bk’ e Mc Tha. O outro nome do festival, além das mulheres, é o da banda Lamparina, que toca no dia 22 junto a Melly, Luedji Luna e Letrux.
SERVI??O
Festival Sangue Novo ??? Ano IV
Quando: De 21 a 23 de outubro
Onde: Trapiche Barnabé, Salvador-BA
Ingressos: R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50 (inteira).
Censura: 18 anos
Programação:
Dia 21, às 19h: Marina Sena, Rachel Reis e Sued Nunes
Dia 22, às 17h: Melly, Lamparina, Luedji Luna e Letrux
Dia 23, às 16h: Virus Carinho, Urias, Bk’ e Mc Tha.
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