Cônsul honorário da Ucrânia elogia resolução da ONU para o fim da guerra: ‘O mundo precisa disso’

Publicado:

Conflito completa um ano nesta sexta-feira, 24, e o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou Jorge Rybka para falar sobre as perspectivas do povo ucraniano a respeito da guerra

Baptiste Autissier / Panoramic

Manifestação Rússia Ucrânia

Centenas de manifestantes protestam contra a guerra nas ruas de Moscou

Há exatamente um ano, as tropas russas davam início à invasão ao território da Ucrânia. O balanço do conflito é devastador e estima-se que 300 mil soldados tenham morrido e entre 30 mil e 40 mil civis foram vítimas fatais desde o início da guerra. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os combates deixaram mais de cinco milhões de deslocados internos e obrigaram quase oito milhões de pessoas a abandonar a Ucrânia. Para comentar o primeiro ano da guerra e dar a perspectiva do povo ucraniano sobre o conflito, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o cônsul honorário da Ucrânia em São Paulo, Jorge Rybka, que elogiou a última resolução para o fim da guerra aprovada pela ONU nesta quinta-feira, 23: “É positivo, é o caminho. Acredito que esse é o caminho. Temos que começar, se não houve essa abertura diplomática anteriormente, talvez não no grau que gostaríamos, mas eu acho que é o caminho a ser trilhado. É o início dessa paz”.

“É necessário e o mundo precisa disso, não só a Ucrânia. Aqui não estamos falando simplesmente de um país, também não só da Europa, é a liberdade, a liberdade dos povos, a liberdade individual, a democracia e a luta pelos ideais que acredito que todos nós somos a favor”, declarou. O diplomata também ressaltou que as negociações não podem significar uma rendição da Ucrânia ou uma submissão à Russia de Vladimir Putin: “A expectativa é pelo final, pelo final mais rápido possível, pelo retorno da paz. Mas a paz verdadeira, ou seja, a paz com garantias da sua liberdade, a paz com a garantia da soberania da Ucrânia e a integridade territorial, importantíssimo isso”.

A respeito da escassez de recursos bélicos para que as tropas ucranianas mantenham o controle de seus territórios ocupados, Jorge Rybka se mostrou positivo de que a comunidade internacional deve retomar o envio de recursos: “A Ucrânia tem feito solicitações e tem sido atendida. Eventualmente há períodos que realmente há uma defasagem. Mas acreditamos que a ajuda é importante para toda a Europa. Porque a Ucrânia está sim a se defender em seu território, mas ela defende algo muito maior. Entendemos que deva haver uma defasagem, mas que devemos receber todo esse material”. O cônsul honorário também exaltou a fala do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a respeito de que 2023 será o ano da vitória: “O que o presidente quis dizer com isso e que todos os ucranianos que vivem na Ucrânia, e os de fora da Ucrânia, acreditam é que realmente o único caminho é a vitória sim, e a paz, a conquista da paz. Esta paz tem que ser conquistada, já percebemos isso. Esse último ano foi muito complicado”.

“Como já foi dito, não é uma guerra que completa um ano, a invasão completa um ano, mas essa guerra começou em 2014”, ressaltou Rybka em referência à anexação da Crimeia orquestrada por Putin. Na sequência, ele também falou sobre a questão dos refugiados: “Nós falamos de refugiados que deixaram a Ucrânia, na casa dos 8 milhões, muitos desses já retornaram. Mesmo os refugiados que vieram aqui ao Brasil, muitos deles já retornaram. Se não para a própria Ucrânia, para países próximos à Ucrânia, para não ficarem tão longe da sua terra e de seus familiares (…) Em 2014, com o início dessa guerra, nós tivemos 1,5 milhão de refugiados internos. Chegamos hoje na casa de 10 milhões de refugiados internos. É algo muito grande. As imagens mostram que cidades foram totalmente destruídas, não estão mais no mapa”.

O cônsul destacou que os alvos das tropas russas não se limitam a estruturas militares e têm vitimado milhares de civis: “A tragédia é terrível e as necessidades desse povo são grandes: alimentação, água e remédios. E os ataques são realmente a civis. Não são estruturas militares que estão sendo atacadas, são residências, hospitais, escolas, maternidades. Crianças, jovens, idosos e mulheres, estes que estão tendo suas vidas ceifadas. É uma tragédia humanitária, sem dúvida. A Ucrânia não tem outro caminho a não ser a vitória e a busca pela paz”. Na visão de Rybka nenhuma saída diplomática para o conflito foi feita até agora por falta de interesse de Putin: “A Rússia não quer uma saída diplomática. Pelo menos ela não demonstrou em nenhum momento uma possibilidade para isso”.

“Lá no início, se fizeram algumas reuniões que não levavam à busca pela paz, e sim gostariam que a Ucrânia se entregasse. Na verdade, eu acredito que não houve, até o momento, uma possibilidade dessa busca pela saída diplomática. Mas eu acho importante sim, que se façam todos os esforços para isso. A Ucrânia sempre desejou a paz mas como eu disse, a paz verdadeira e não a paz da submissão, da escravidão”, argumentou o cônsul. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Principal suspeito do caso Madeleine McCann deixa a prisão na Alemanha

Christian Brückner, o principal suspeito do desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann em 2007, foi liberado da prisão nesta quarta-feira, 17 de setembro,...

Juiz de Nova York retira acusações de terrorismo contra Luigi Mangione por assassinato de CEO

O juiz de Nova York responsável pelo caso de Luigi Mangione decidiu retirar as acusações de terrorismo ligadas ao assassinato de Brian Thompson,...

ONU manifesta preocupação com restrições de vistos dos EUA ao Brasil

A Organização das Nações Unidas (ONU) está preocupada com as possíveis restrições de vistos impostas pelos Estados Unidos aos brasileiros. Essa situação afeta...