Juiz nos EUA tenta suspender pílula de aborto em novo ataque a direitos reprodutivos

Publicado:

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um juiz federal dos Estados Unidos tentou suspender a venda da pílula abortiva mifepristona. A decisão desta sexta-feira (7) é o mais recente capítulo da ofensiva judicial contra os direitos reprodutivos no país, e vem dez meses depois de a Suprema Corte reverter o direito constitucional à interrupção voluntária da gravidez.

O juiz distrital Matthew Kacsmaryk, de Amarillo, no Texas, deu prazo de uma semana para que o governo de Joe Biden recorra da decisão antes de ela entrar em efeito. A Casa Branca disse estar estudando a decisão.

A medida tem caráter preliminar, e efetivamente suspenderia a mifepristona até que um veredicto final seja alcançado em uma ação judicial apresentada por médicos e ativistas conservadores contra a FDA, a agência de vigilância sanitária dos EUA .

O magistrado, que foi apontado pelo cargo pelo ex-presidente Donald Trump, justificou a decisão afirmando que a FDA concedeu autorização de venda do medicamento “a partir de lógica infundada e de estudos que não dão suporte às suas conclusões”.

Em resposta, o governo Biden afirmou que a autorização de venda do medicamento tem respaldo científico.

A ONG Planned Parenthood, que mantém clínicas de saúde reprodutiva no país, disse que a medida é profundamente prejudicial. “Fica evidente a instrumentalização do nosso sistema de Justiça para restringir ainda mais o aborto em todo o país”, disse Alexis McGill Johnson, presidente da organização.
Clínicas que oferecem serviços de interrupção voluntária da gravidez disseram que, caso a mifepristona não esteja mais disponível, recorreriam a um medicamento geralmente administrado em conjunto, o misoprostol. No entanto, o tratamento apenas com misoprostol é considerado menos eficaz.

Espera-se que a decisão de Kacsmaryk seja contestada imediatamente por um tribunal de apelações de Nova Orleans. Em última instância, o impasse pode ser levado à Suprema Corte, que tem maioria conservadora.

Em junho, a Suprema Corte reverteu a decisão Roe v. Wade que havia sido tomada pelo mesmo tribunal havia 49 anos, de modo que o aborto nos Estados Unidos deixou de ser um direito constitucional. Agora, cabe a cada estado legislar sobre o assunto.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Suspeito de ataque em trem na Inglaterra é acusado de tentativa de assassinato

Um ataque com faca ocorrido no sábado, 1º de novembro, em um trem no leste da Inglaterra, resultou na acusação de tentativa de...

Terremoto na região norte do Afeganistão deixa 20 mortos

Um terremoto de 6,3 graus atingiu o norte do Afeganistão na madrugada desta segunda-feira, 3 de novembro. O epicentro foi registrado em Kholm,...

Terremoto de magnitude 6,3 atinge o norte do Afeganistão

Um terremoto de magnitude 6,3 atingiu o norte do Afeganistão na noite de domingo, 2 de novembro. O Serviço Geológico dos...