Festival de Cannes concede Palma de Ouro a uma diretora pela terceira vez na História

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A cineasta francesa Justine Triet conquistou o maior prêmio do evento com o filme “Anatomie d’une Chute”, que conta a história do julgamento de uma escritora alemã após a morte suspeita de seu marido

EFE/EPA/GUILLAUME HORCAJUELO

Justine Triet

Ao 44 anos, Justine Triet já dirigiu quatro filmes, todos eles retratando a vida de mulheres

A cineasta francesa Justine Triet conquistou neste sábado, 27, a Palma de Ouro do 76º Festival de Cannes, pelo drama “Anatomie d’une Chute”, tornando-se a terceira diretora consagrada na história da competição. O júri do festival atribuiu o Grande Prêmio (Grand Prix), segundo em importância, a um retrato arrepiante da rotina do comandante do campo de extermínio nazista de Auschwitz, “The Zone of Interest”, do britânico Jonathan Glazer. O prêmio de melhor diretor foi para o francês de origem vietnamita Tran Anh Hung, por “La Passion de Dodin Bouffant”, fábula sobre um casal de chefs do século XIX. A comédia romântica “Fallen Leaves”, do finlandês Aki Kaurismaki, conquistou o Prêmio do Júri. O roteiro de suspense de “Monster”, do japonês Hirokazu Kore-eda, também foi premiado. O júri consagrou a turca Merve Dizdar, 36, como melhor atriz, por “About Dry Grasses”, ambientada na Anatólia, e como melhor ator o japonês Koji Yakusho, por “Perfect Days”.

“Anatomie d’une Chute” narra com sobriedade, ao longo de duas horas e meia, o julgamento de uma escritora alemã após a morte suspeita de seu marido em seu chalé, nos Alpes franceses. Um dos destaques do filme é a atuação da alemã Sandra Hüller, que teve uma participação dupla em Cannes, já que trabalhou também em “The Zone of Interest”, do britânico Jonathan Glazer, vencedor do Grande Prêmio de Cannes. Justine Triet já dirigiu quatro filmes, todos eles retratos de mulheres, oscilando entre o drama e a comédia. A cineasta, 44, consagra-se em Cannes depois de Jane Campion (“The Piano Lesson”, 1993) e dois anos depois de Julia Ducournau (“Titanium”, 2021), confirmando o lento movimento rumo à igualdade na indústria cinematográfica, dominada por homens.

Este novo feito atesta o sucesso do cinema francês em festivais internacionais, depois do Leão de Ouro atribuído a Audrey Diwan em Veneza, em 2021, por “The Event”, e do Urso de Ouro de fevereiro para Nicolas Philibert, por “Sur l’Adamant”. Justine Triet chega à cúpula do cinema depois de quatro filmes, entre eles “Sibyl”. O cineasta Jonathan Glazer, por sua vez, concentrou-se na vida do comandante nazista Rudolf Hoss e de sua família, em uma casa confortável ao lado de Auschwitz. Não há um único plano de violência no filme. Tudo é sugerido, mas, nem por isso, menos aterrador. Ao longo de quase duas semanas, Cannes foi uma janela privilegiada para o cinema mundial, com 21 obras em disputa pela Palma de Ouro. O festival também foi palco do desfile de toda uma geração de astros que vão dizendo adeus, como Kean Loach, Marco Bellocchio e Martin Scorsese.

*Com informações da agência AFP

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