Viúva de Gal Costa aplicou golpes em nome da cantora, diz revista

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A empresária Wilma Petrillo, viúva de Gal Costa, é tema da reportagem de Thallys Braga na edição de julho da revista Piauí. Nos depoimentos ouvidos pela repórter, Wilma é acusada de assédio moral contra ex-funcionários, ameaças e golpes financeiros, além de ser acusada de ter levado Gal à falência.

 

De acordo com a Piauí, no círculo cultural de Salvador,  circulavam histórias de que Wilma teria aplicado golpes em outras pessoas e que amigos de Gal até preferiam manter distância da empresária e esposa da cantora.

 

Treze pessoas foram entrevistadas na reportagem: seis ex-funcionários de Gal, seis amigos e um parente.

 

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O médico Bruno Prado diz que a empresária chegou a pedir emprestado cerca de R$ 15 mil para uma cirurgia nos olhos e que não pagou a dívida no prazo combinado. Wilma ainda usou a orientação sexual do médico para ameaçá-lo. 

 

“Se você continuar me cobrando, eu vou fazer uma coisa muito bonitinha: conto pro teu pai que você é viado”, relembrou ele. Ao contar a situação para Gal, a artista prometeu que o pagamento da dívida seria feito por Wilma. O pagamento foi feito, mas Wilma seguiu com as ameaças. 

 

O produtor Ricardo Frugoli diz que acumula más lembranças do tempo em que trabalhou com Wilma e que Gal, teria perdido oportunidades de shows no Brasil e na Europa por causa do comportamento da mulher.

 

Acusações de furto, intrigas e ex-funcionários com episódios de depressão causados por humilhações rodeavam os bastidores.

 

Ricardo contou que abriu o jogo com Gal, mas que a cantora ficou furiosa ao supor que poderia estar sendo roubada e ambos nunca mais tocaram no assunto. 

 

“Durante muito tempo, fui o cara que não deixou a bomba explodir. Continuar ali era importante para protegê-la do que vinha acontecendo na carreira e dentro de casa”. Ele chegou a fazer um boletim de ocorrência contra Wilma por ameaças e foi demitido quatro dias depois da denúncia.

 

Segundo a reportagem, entre os bens de Gal deixados para o único filho, Gabriel, o item de maior valor é um imóvel, comprado por R$ 5 milhões em 2020, no bairro dos Jardins. Um ex-funcionário que trabalhou com Gal até sua morte diz que a conta da cantora era “um buraco negro”.

 

Todos os entrevistados pela Piauí concordam que as finanças de Gal foram minadas no período em que Wilma e Gal estiveram juntas. As dívidas iam de restaurantes, a mensalidades da escola de Gabriel, pagamentos de empregados e até à Receita Federal dos Estados Unidos.

 

Wilma teria barrado até mesmo um show de Gal no Carnegie Hall, a casa de concertos mais famosa de Nova York. “Na próxima vez que ligarem, diga que a Gal não gosta de se apresentar nos Estados Unidos”, disse Wilma. Segundo Gal a amigos, ela não retornava aos EUA por medo de ser presa, já que Wilma vendeu um imóvel dela em Nova York e não pagou os impostos devidos.

 

Um dos dois funcionários que trabalharam com demandas pessoais de Gal e Wilma diz que chegou a testemunhar uma discussão das duas em 2015. “O dinheiro entra e some, as dívidas não param de chegar. Que tipo de empresária é você?”, questionou Gal. “Você é uma velha, as pessoas não querem mais te contratar”, rebateu Wilma. O funcionário disse que o atrito entre elas teria chegado a ser físico.

 

Gal teria dito que se largasse Wilma, “ela leva metade de tudo que eu tenho, sem nunca ter trabalhado de verdade para conseguir alguma coisa”.

 

Guto Burgos, irmão de Gal, diz que foi afastado da irmã por Wilma em 1997. “Por favor, eu não quero mais falar disso. É um assunto que me dói muito”, disse ele.

 

Burgos conta ainda que Gal teve oito salas comerciais no Rio de Janeiro, que lhe rendiam aluguéis, uma cobertura e um apartamento na Praia Guinle, um condomínio de luxo na Praia de São Conrado, no Rio de Janeiro. “Também tinha imóveis em Salvador, Trancoso e Nova York. Como dói saber que ela morreu sem nada disso. Parece que todo o trabalho dela foi em vão”, lamenta ele.

 

Já o produtor Rodrigo Bruggermann, responsável pela organização dos shows de Recanto das cidades do sul do Brasil, categoriza Wilma como “a pior pessoa com quem lidei nesse meio”. “Além de ser grosseira, ela fazia mudanças de última hora e aplicava taxas surpresa”. Ele conta ainda que Gal não fazia participação especial nos shows de ninguém, ao contrário de outros cantores da MPB, porque Wilma não teria permitido.

 

Outro prejudicado teria sido o empresário Maurício Pessoa que conta que, em 2013, sofreu um tombo financeiro com Gal que também envolveria Wilma. 

 

Ele conseguiu um patrocínio de R$ 700 mil da Natura Musical com seis shows e gravação de um álbum ao vivo em que Gal interpretaria canções de Lupicínio Rodrigues. Wilma, porém, teria dito que só daria continuidade se recebesse de imediato 80% do valor, ou seja, R$ 560 mil. Ele aceitou e os primeiros shows aconteceram só em 2015, aos trancos e barrancos.

 

Na hora de gravar o disco, Wilma parou de responder às mensagens dele e, quando finalmente conseguiu, ela alegou que Gal não tinha mais tempo para continuar no projeto. A gravação foi marcada para 2017 mas, na data combinada, ninguém apareceu. A Natura não pagou os R$ 140 mil restantes e Maurício estima que ficou com um prejuízo de mais de R$ 1 milhão.

 

Em janeiro deste ano, os fãs de Gal não gostaram de ver uma foto incomum no perfil oficial da cantora. A viúva da cantora publicou no Instagram da artista uma foto ao lado de um cachorro. 

 

Em maio, o túmulo em que Gal Costa foi sepultada foi alvo de uma intervenção em protesto pela não identificação da cantora no jazigo. O túmulo pertence à família de Wilma Petrillo.

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