Milei muda decreto de Macri sobre nepotismo e nomeia irmã

Publicado:

(FOLHAPRESS) – Em um de seus primeiros decretos como novo presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei modificou uma norma sobre nepotismo publicada pelo ex-presidente e agora aliado político Mauricio Macri e nomeou sua irmã caçula Karina como secretária-geral da Presidência.

O texto assinado por Macri em 2018 dizia que “não serão permitidas nomeações de pessoas, em qualquer modalidade, em todo o setor público nacional, que tenham algum vínculo de parentesco tanto em linha reta como em linha colateral até o segundo grau, com o presidente e vice-presidente da Nação, chefe de gabinete de ministros, ministros e demais funcionários com rango e hierarquia de ministro”.

Agora, Milei determinou uma exceção “às nomeações que o presidente realiza em virtude das faculdades que lhe são conferidas”. Ele argumenta que é um direito que a Constituição lhe dá e lembra que a Carta Magna determina o “princípio de idoneidade para o acesso aos cargos públicos”.

A função de Karina, em geral, deverá ser coordenar e gerenciar atividades administrativas e operacionais dentro da Presidência. Antes, ele havia dito que ela seria uma assessora sem cargo formal.

Chamada de “o chefe” por Milei, Karina é o braço direito do irmão. Liderou sua campanha e fez as vezes de primeira-dama na posse deste domingo (10), já que o novo presidente não é casado e começou a namorar há poucos meses com a atriz e comediante Fátima Florez.

Ele se emocionou e a abraçou longamente ao nomeá-la junto a seus ministros na Casa Rosada. A cerimônia atrasou porque a burocracia para que ele assinasse os novos decretos não estava pronta, segundo a imprensa local. Entre eles, estava também o ato para reduzir pela metade o número de ministérios.

O governo argentino agora terá 9 pastas, em vez das atuais 18. Durante a campanha, ele dizia que seriam 8, mas nos últimos dias mudou de ideia quanto a extinguir a Saúde. Agora, alguns dos ministérios se tornarão secretarias, como Educação, Mulheres e Desenvolvimento Social, que estarão sob a recém-criada pasta de Recursos Humanos.

OS IRMÃOS MILEI

Javier e Karina sempre foram próximos. De família de classe média, os irmãos cresceram em Villa Devoto, bairro de Buenos Aires. A mãe, Alicia, foi dona de casa, e o pai, Norberto, motorista de ônibus e, depois, pequeno empresário do setor de transportes. Milei já contou que sofria agressões com frequência.

Uma delas ilustra seu relacionamento com a irmã. Ele diz ter levado uma surra ao discordar do pai sobre a Guerra das Malvinas em 1982, quando tinha 11 anos. Karina ficou em estado de choque e precisou ser hospitalizada. Depois, a mãe disse a Milei que a menina “quase havia morrido” e que a culpa era dele.

Ao longo da carreira, ele nunca escondeu a relação conturbada com os pais e chegou a afirmar que eles estavam mortos para ele. A reconciliação aconteceu após esforços de Karina, e o político cuidou do pai durante a pandemia. Assim como a irmã, o líder da coalizão A Liberdade Avança não tem filhos.

Leia Também: Novo presidente da Argentina grava rosto dos cães no bastão presidencial

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

França mobilizará sua rede diplomática na América Latina contra narcotráfico

A França está empreendendo um esforço significativo para fortalecer sua presença na América Latina no combate ao narcotráfico. Em uma recente entrevista ao...

Sete países muçulmanos rejeitam tutela externa em Gaza

Sete países muçulmanos se reuniram em Istambul nesta segunda-feira, 3, para discutir o futuro de Gaza. O encontro resultou em um pedido claro...

Dias de Maduro como presidente da Venezuela ‘estão contados’, diz Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que acredita que os dias de Nicolás Maduro à frente da Venezuela estão chegando ao...