Teto dos juros no rotativo começa a valer nesta quarta e pode restringir concessão de crédito

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As novas regras para a taxa de juros no rotativo do cartão de crédito começam a valer a partir desta quarta-feira, 3. Com esta nova medida em vigor, o total cobrado em juros não pode exceder o dobro do valor original da dívida. Na prática, isso significa que se a dívida original corresponder a R$100, o valor total a ser pago pelo cliente em juros não pode exceder R$200. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista e diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, observa que a medida pode levar à uma maior seletividade na concessão de crédito, mas ressalva que este não é um movimento novo do setor bancário. “O aumento de endividados foi tão grande, a taxa de juros foi tão alta, que os próprios emissores de cartões já estavam fazendo isso desde o ano passado. Essa seletividade acontecer é bem-vinda, até porque a gente vai ver nos próximos anos a redução da taxa de juros e a diminuição do desemprego. Isso ajuda a melhorar a renda da população e cura grande parte do endividamento. A partir do momento que isso vai sendo diminuído e que as taxas de juros vão sendo diminuídas, os bancos vão voltar a oferecer mais crédito para a população”, afirma.

O ecoomista avaliou que o impacto da medida deve ser pequeno por conta do comportamento da maioria dos usuários do cartão de crédito. “O impacto é marginal, é pequeno, porque o número de pessoas que extrapolam esse limite dos 100% ainda é muito pequeno. Isso é uma notícia boa até mas acaba ajudando essa que eu chamo de pandemia que está acontecendo no Brasil, que é o alto endividamento, com altas taxas de juros, muito provocada também pelo advento de grandes fintechs, da concorrência do cartão de crédito, principalmente que acabou tendo uma cessão de crédito muito grande.”, afirmou.

Beto ressaltou que o Brasil vive um problema grave de endividamento, com mais da metade das famílias brasileiras endividadas. “Isso piorou a partir do momento que a gente teve uma alta de taxa de juros muito agressiva nos últimos dois anos. Ou seja, essa dívida ficou muito cara e praticamente impagável. Então, isso acaba ajudando detentor desse cartão para que isso não vire uma bola de neve, apesar da gente saber que aquela parcela de clientes que que extrapola os 100% de juros ainda é uma parcela pequena. Mas, mesmo assim, é uma boa notícia. Isso faz parte também de todo aquele arcabouço do programa Desenrola, que também tem outras medidas interessantes para a economia”, completou. Veja a entrevista completa:

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