Organizador de ato golpista chamou Jordy de ‘meu líder’ em mensagens de WhatsApp

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Telefonemas e mensagens de um organizador de atos golpistas em Campos dos Goytacazes (RJ) motivaram o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes a autorizar buscas e apreensões da Polícia Federal em endereços do deputado Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição.

As medidas foram cumpridas nesta quinta-feira (18), no âmbito da Operação Lesa Pátria, destinada a identificar pessoas que planejaram, financiaram e incitaram os ataques do 8 de janeiro às sedes dos três Poderes.

Segundo a PF, foram descobertos, a partir de informações obtidas em fases anteriores da operação, indícios de “fortes ligações” entre o vereador suplente da Câmara Municipal de Campos Carlos Victor de Carvalho, conhecido como CVC, e Jordy.

Carlos Victor organizava ao menos 15 grupos de WhatsApp com mensagens de teor golpistas, além de manifestações antidemocráticas.

Mas, segundo a PF, há sinais de que Jordy orientava CVC e “tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.

Para isso, citam uma mensagem de CVC ao deputado em 1º de novembro de 2022, quando ocorria bloqueios de rodovias em todo o Brasil após a vitória de Lula (PT) à Presidência.

“Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”, disse CVC a Jordi.

O deputado responde: “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”. CVC, então, diz: “Posso irmão. Quando quiser pode me ligar”

Em 17 de janeiro de 2023, quando CVC estava foragido, Jordy fez contato telefônico com o deputado. “Como parlamentar, representante da população brasileira, ao tomar conhecimento do destino do foragido seu dever como agente público seria comunicar imediatamente a autoridade policial”, disse a PF no pedido a Moraes.

A PGR afirmou que as provas indicam que Jordy, “além de orientar grupo expressivo de pessoas, tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas reses sociais ou agitando a militância da região”.

Moraes frisa em sua decisão que CVC “chama o parlamentar de ‘meu líder’, e pede orientação quanto a ‘parar tudo’, sendo portanto fortes os indícios de envolvimento de Carlos Jordy nos delitos apurados na presente investigação, mediante auxílio direto na organização e planejamento”.

Em sua decisão, o ministro autoriza, além das buscas, a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos dos dispositivos apreendidos, além de emails e contas das redes sociais e de aplicativos de mensagens.

A fase da Lesa Pátria busca, segundo a PF, identificar os responsáveis por bloqueios de rodovias e dos acampamentos nos arredores de quartéis das Forças Armadas após a eleição.

CVC teve mandado de prisão temporária e de busca e apreensão expedido em 16 de janeiro do ano passado.

Um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, o parlamentar afirmou, em uma rede social, ser vítima de uma “medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal”.

Em outro post, ele diz: “A covardia feita hoje é sintomática. Estamos numa ditadura que distorce e manipula fatos para perseguir adversários. Que Deus olhe pelo Brasil!”

Agentes federais cumprem dez mandados de busca no Rio de Janeiro (8) e no Distrito Federal (2).

“Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa e incitação ao crime”, informou a PF, em nota.

Deflagrada dias após os atos de vandalismo às sedes dos Poderes, a Lesa Pátria se tornou permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas.

Essa é a 24ª fase da operação, que já cumpriu 97 mandados de prisão preventiva e 313 de busca e apreensão.

Ao longo do primeiro ano da Lesa Pátria, o ministro Alexandre de Moraes deu 255 decisões autorizando medidas de busca e apreensão realizadas pela PF em mais de 400 endereços e 350 trataram de quebras de sigilos bancário e telemático.

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