Ex-secretário que fez GDF alugar prédio de Paulo Octávio hoje mora em mansão de R$ 50 milhões do empresário

Publicado:

compartilhe esse conteúdo

Enquanto ainda ocupava o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal, o advogado Mateus Leandro Oliveira assinou contrato de locação de um prédio pertencente à Paulo Octávio Investimentos Imobiliários, transação de R$ 8 milhões que proporcionou a transferência da sede da secretaria do Setor Comercial Sul para o prédio Number One, no Setor Comercial Norte.

Depois de deixar o comando da Seduh, em março de 2023, Mateus Oliveira passou a residir no endereço mais nobre da capital federal: a QL 12 do Lago Sul, conhecida como a Península dos Ministros. Atualmente, Mateus Oliveira mora em uma mansão cinematográfica avaliada em R$ 50 milhões.

O palacete de dois andares fica de frente para o Lago Paranoá e tem pelo menos 1.500 metros quadrados de área construída. O espaço contempla área de lazer com piscina e churrasqueira. A construção é novíssima em folha. Ao lado dela, há uma outra mansão exatamente do mesmo padrão anunciada à venda por R$ 50 milhões. Veja:

O ex-secretário afirma que paga R$ 48 mil de aluguel. Segundo corretores de imóveis, o valor do aluguel de uma casa desse padrão oscila entre R$ 250 mil e R$ 300 mil, o que equivaleria a 0,5% ou 0,6% do valor venal. O Metrópoles fez fotos aéreas e registrou, também, a saída do advogado da mansão. Ele dirigia Jeep Compass.

Advogado do ramo imobiliário, Mateus Oliveira foi secretário entre janeiro de 2019 e março de 2023. Em junho de 2021, ele fez o contrato de aluguel de 4.226,18 metros quadrados de área útil do Edifício Number One, no Setor Comercial Norte, para a sede da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal (Seduh). A locação era pelo prazo de dois anos, já prorrogados, no valor de R$ 8,6 milhões.

O contrato de aluguel da sede da Seduh com a Paulo Octávio foi renovado por mais dois anos, em maio de 2023, por mais R$ 11,8 milhões, o que representa um aumento de 40% no valor inicial do aluguel.

Dobro do preço No mês seguinte à assinatura do contrato original, em julho de 2021, o Ministério Público de Contas do Distrito Federal apontou irregularidades no processo de locação, sem licitação, e pediu a suspensão imediata do pagamento. Segundo o órgão, o projeto básico que subsidiou a contratação estimava que o aluguel tivesse valor global, referente aos dois anos, de R$ 4,1 milhões, mas a locação acabou saindo por mais que o dobro do previsto.

“Na contratação em tela, verifica-se que o valor da locação do imóvel da empresa Paulo Octavio Investimento Imobiliários LTDA., no montante de R$ 8.636.728,32, é significativamente superior ao estabelecido no Projeto Básico que subsidiou a referida contratação, estimado em R$ 4.168.248,00, representando mais que o dobro da previsão inicial, além de contemplar o pagamento de despesas que expressamente não deveriam ser computadas no aluguel, como taxa de condomínio”, afirmou o MPC.

Outros problemas apontados pelo MPC eram a inclusão da taxa de condomínio no contrato e a dispensa de licitação sem comprovação de que o acordo era mais vantajoso para os cofres públicos.

“Há indícios de violação ao princípio da vantajosidade, ante a aparente ausência de vantagem econômica e qualitativa na contratação, bem como à exigida vinculação da contratação aos termos do edital, afrontando flagrantemente ao disposto no art. 41 da Lei nº 8.666/1993, uma vez que o valor da locação foi superior ao estimado no projeto básico norteador da contratação, com inclusão de taxa de condomínio expressamente proibida para fins de aluguel”, disse.

O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) cobrou informações da Seduh e da Paulo Octávio. Em novembro de 2021, considerou improcedente a representação do MPC e arquivou o caso.

O que dizem Em nota, Mateus Oliveira disse que “a alegação de eventual favorecimento é inverídica e não possui pertinência”. “Trata-se de locação residencial objeto de contrato regularmente celebrado há cerca de um ano, com pagamento de aluguéis mensais mediante boleto bancário, pagos em dias e com todos os respectivos comprovantes de transferências eletrônicas bancárias”, declarou.

“O valor do aluguel é totalmente compatível com a renda comprovada de advogado, que há mais de 20 anos atua no mercado jurídico com trabalho reconhecido pelo profissionalismo e seriedade. Também não há qualquer relação com contrato firmado pela Secretaria há 3 anos, até mesmo pela sua cronologia e pelo fato de ter deixado o cargo público há mais de 1 ano”, enfatizou o advogado.

Em nota, a empresa Paulo Octávio informou que “o referido imóvel encontra-se alugado, com valor compatível e em dia com seus pagamentos”. “Devido à Lei Geral de Proteção de Dados, não é possível informar o nome do locatário, valores exatos e demais informações do contrato”, pontuou.

 

 

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

VÍDEO: Mari Fernandez aparece de surpresa em bar na Saúde e faz show gratuito em Salvador

A cantora Mari Fernandez surpreendeu fãs e frequentadores do Bar do Léo, no bairro Saúde, em Salvador, ao aparecer de forma inesperada para...

Guerra das mansões: Justiça embarga obra de bilionário nos Jardins

A polêmica envolvendo a construção de uma mansão no Jardim Paulista, um dos bairros mais caros de São Paulo, ganhou ares de batalha...

Wesley Safadão cancela shows por “questões de saúde” dias após participação no Festival Virada Salvador

Três dias após a participação no Festival Virada Salvador 2026, o cantor Wesley Safadão precisou cancelar os shows que seriam realizados nesta terça-feira...