Google demite mais 20 funcionários por participação em protesto contra projeto para Israel

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Google demitiu mais 20 funcionários sob a alegação de que eles participaram de protestos no último dia 17 contra um projeto da empresa contratado pelo governo israelense. O acordo foi firmado em 2021, mas ganhou mais oposição agora em meio à guerra em Gaza. Na última quarta (17), a companhia já havia mandado embora outras 28 pessoas pelo mesmo motivo.

A informação foi divulgada pelo jornal americano Washington Post nesta terça (23). Segundo a publicação, o Google investigou mobilizações em suas sedes em Sunnyvale (Califórnia) e Nova York.

Em um comunicado encaminhado aos funcionários obtido pelo Post, o chefe-executivo da empresa, Sundar Pichai, disse que a conhecida abertura da empresa ao debate se limita a tópicos de trabalho, não a decisões políticas.

“Nós temos uma cultura vibrante de diálogo aberto que nos permite criar produtos incríveis e transformemos ideias em ações”, ele disse. “Mas, antes de qualquer coisa, nós somos um local de trabalho e nossa política está clara: nós somos um negócio.”

O gigante das buscas já havia demitido funcionários críticos à empresa antes, como a especialista em ética em inteligência artificial Timnit Gebru. Ela afirmou que foi demitida após enviar um email a colegas manifestando frustração com a política de diversidade de gênero da big tech.

A atual CEO do app de mensagens Signal, Meredith Whitaker, saiu da empresa alegando que houve retaliações após protestos que ela organizou contra o uso de IA em guerras.

O estopim dos protestos da semana passada foram o Project Nimbus, um contrato conjunto de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,3 bilhões) com a Amazon para fornecer ao governo israelense serviços de IA e nuvem.

As mobilizações foram convocadas pela organização No Tech for Apartheid. Houve protestos em escritórios do Google em Nova York, Seattle e Sunnyvale, na Califórnia, nos Estados Unidos.

Manifestantes em Nova York e na Califórnia fizeram uma ocupação que durou quase 10 horas, documentada em uma transmissão ao vivo na plataforma Twitch. Nove deles foram presos na terça à noite sob acusação de invasão.

“Impedir fisicamente o trabalho de outros funcionários e impedi-los de acessar nossas instalações é uma clara violação de nossas políticas e um comportamento completamente inaceitável”, disse o Google em um comunicado sobre a ocupação.

“Após recusar múltiplos pedidos para deixar as instalações, a aplicação da lei foi acionada para removê-los e garantir a segurança do escritório. Até agora, concluímos investigações individuais que resultaram na rescisão do contrato de 28 funcionários, e continuaremos a investigar e tomar medidas conforme necessário.'”

Na quarta-feira (17), vários funcionários envolvidos nos protestos, incluindo aqueles que não participaram diretamente da ocupação, receberam uma mensagem do grupo de relações com funcionários da empresa informando que foram colocados em licença.

“Licença administrativa significa que desativaremos seu acesso aos campi e sistemas do Google e você deve se abster de trabalhar até novo aviso e não comparecer ao escritório”, de acordo com o email, que foi noticiado pela agência Bloomberg. “Estamos mantendo este assunto o mais confidencial possível, divulgando informações apenas com base na necessidade.”

A manifestação ocorreu um dia antes de o governo israelense aprovar seu plano estratégico de cinco anos para a transição para a nuvem sob o Project Nimbus e expandir seus serviços digitais. O Ministério da Defesa de Israel e as forças armadas foram listados em um comunicado do governo como parceiros no Project Nimbus, juntamente com outros órgãos do governo.

Um representante do Google disse que o contrato Nimbus “não é direcionado para trabalhos sensíveis, confidenciais ou militares relevantes para armas ou serviços de inteligência”.

A empresa já havia sido alvo de críticas por reprimir manifestação de trabalhadores.

Funcionários que organizaram um protesto em 2018 sobre a forma como a empresa lidou com alegações de agressão sexual disseram que o Google os puniu por seu ativismo. Quatro outros funcionários alegaram que foram demitidos por organizar oposição ao trabalho do Google com a alfândega dos EUA e por outras atividades de defesa no local de trabalho.

A legislação trabalhista dos EUA dá aos funcionários o direito de se envolver em ações coletivas relacionadas às condições de trabalho. Há um debate se os desenvolvedores de tecnologia podem se unir para se opor à forma como as ferramentas que criam são usadas, de acordo com John Logan, professor de direito do trabalho na San Francisco State University.

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