A Reino Church, com sede em Balneário Camboriú, Santa Catarina, tem chamado atenção e gerado debates nas redes sociais. Amparada por uma estética moderna e minimalista, a igreja vem sendo alvo de críticas, acusada de elitismo e de se afastar dos princípios tradicionais do evangelho.
Recentemente, um vídeo de eventos realizados na Reino Church viralizou, mostrando longas filas na entrada da igreja, onde fiéis são recepcionados com café e soda italiana gratuitos. No interior, o templo apresenta paredes pretas decoradas com luzes neon coloridas e um palco equipado com iluminação profissional, criando uma atmosfera que lembra uma casa de espetáculos.
As críticas nas redes sociais não tardaram a surgir. Internautas classificaram a igreja como “elitista” e “descompromissada com o evangelho”, utilizando termos como “linkedização” e “startupização” para descrever a abordagem moderna da instituição. O perfil da igreja no Instagram, repleto de termos em inglês como “we are the Reino” e “Jesus is the center”, também foi alvo de comentários negativos, comparando a estética da igreja à de uma loja de roupas para jovens.
Para entender a origem e os objetivos da Reino Church, o UOL conversou com o fundador e pastor sênior, Eduardo Reis. Segundo ele, a igreja foi fundada em meio à pandemia, com o intuito de apoiar as pessoas que enfrentavam o medo e as dificuldades trazidas pela COVID-19. “Com meus próprios recursos, aluguei um salão, usávamos som emprestado, e cuidávamos das pessoas que enfrentavam o medo da morte”, lembra Reis.
A igreja doou mais de 50 mil máscaras durante a pandemia, demonstrando um compromisso tanto espiritual quanto prático com a comunidade. Conforme o número de membros crescia, a igreja começou a adotar uma linguagem estética voltada para os jovens, com foco na usabilidade, acessibilidade e compromisso ambiental.
Reis enfatiza que a mensagem do evangelho precisa ser acessível e compreensível para todos, especialmente em um mundo marcado por mudanças tecnológicas, violência e polarizações. “A mensagem do evangelho não pode ser central se ela não for compreendida sem obstáculos. Precisamos que todos, especialmente os jovens, recebam a mensagem, reflitam sobre ela e colaborem para um mundo melhor.”
A estrutura moderna da igreja, incluindo cadeiras confortáveis, ar condicionado de qualidade e banheiros limpos, é financiada por doações voluntárias dos fiéis. “Não acreditamos em estratégias de ameaça para recolher dinheiro. Também não prometemos prosperidade em troca de doações, pois isso seria barganha”, afirma o pastor.
Os termos em inglês, parte da identidade cultural da igreja, são uma escolha natural para uma comunidade que consome mídia e moda nessa língua. Reis compara essa escolha ao uso do grego pela igreja primitiva no primeiro século, visando alcançar mais pessoas.
Reis refuta as críticas de que a Reino Church é voltada para um público elitista ou predominantemente branco. “Temos a diversidade da cidade representada na nossa membresia. Eu, o pastor sênior, sou negro. Grande parte dos nossos pastores e líderes também é negra, e prezamos pela paridade de gênero”, declara.
Sobre os planos de expansão, Reis destaca que o crescimento da igreja será orgânico. Ele conclui afirmando que as críticas, muitas vezes baseadas em preconceitos, não compreendem a verdadeira missão da Reino Church: criar um ambiente acolhedor e moderno onde a mensagem do evangelho possa ser vivida e compartilhada de maneira relevante para os dias de hoje.
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