Herdeira do Novo Cangaço: viúva de líder do PCC assume posto do marido

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São Paulo — A viúva de Ronildo Alves dos Santos, o Magrelo, apontado pela Polícia Federal (PF) como um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), assumiu os negócios do companheiro depois que ele foi morto em uma suposta troca de tiros com a Polícia Militar, em maio do ano passado, no Tocantins.

A informação consta em uma investigação da PF sobre o planejamento de uma ação criminosa do chamado Novo Cangaço, quando uma quadrilha toma o controle de uma pequena cidade para praticar um grande assalto.

Magrelo foi morto no estado na região norte após a tentativa frustrada de um mega assalto, a cerca de 500 km de distância, em Confresa (MT), que teve como alvo R$ 30 milhões guardados em um cofre de uma empresa de transporte de valores, em abril de 2023.

Ele teria planejado e financiado a ação, durante a qual uma base da PM foi atacada e que gerou um prejuízo de R$ 2 milhões à maior facção criminosa do Brasil.

4 imagensFechar modal.1 de 4Karen Abreu dos Santos, 33 anos, viúva de Magrelo

Reprodução/PF2 de 4Viúva de líder do PCC compartilha fotos com veículos de luxo na internet

Reprodução/PF3 de 4Magrelo e Karen ficaram juntos, segundo investigação, desde 2018, até morte do criminoso

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Reprodução/PF “Viúva e comparsa” A investigação da PF afirma que Karen Abreu dos Santos (foto em destaque) “não é só viúva” de Magrelo, mas também sua “comparsa e integrante do PCC”. Desde 2018, ela posta fotos nas redes sociais, ao lado do chefão do crime, com quem teve um filho.

Investigadores checaram, com testemunhas, que Karen herdou o “patrimônio ilícito” de Magrelo e assumiu um posto de liderança na organização criminosa.

Ela, ainda de acordo com a PF, é vista “frequentemente” em contato com membros do PCC. Além disso, Karen usa as redes sociais para compartilhar fotos ostentando carros e motos de luxo, os quais, segundo a polícia, são adquiridos pelos lucros do crime.

Os perfis de Karen não são públicos. Em um deles, único com acesso livre, ela se apresenta como esteticista, destoando dos registros compartilhados, de forma restrita, nas suas contas privadas. Isso é destacado pela PF no relatório.

“Tudo indica que Karen Abreu dos Santos assumiu a função de Ronildo [Magrelo] no PCC, além de continuar se beneficiando do proveito do crime deixado pelo seu ex-marido”, destaque trecho da investigação.

Karen foi procurada pelo Metrópoles, na tarde dessa sexta-feira (21/6). Ela não havia se posicionado, nem indicado um advogado, até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

“Novo cangaço” Como mostrado pelo Metrópoles, o PCC planejou, organizou e financiou uma mega tentativa de assalto, a uma transportadora de valores, em abril do ano passado no Mato Grosso. Ao todo, 18 suspeitos foram mortos, entre eles Magrelo, e nenhum centavo levado pela quadrilha.

A investigação o aponta como a liderança da facção paulista responsável em cooptar e organizar criminosos para o roubo, que pretendia levar R$ 30 milhões dos cofres da empresa Brinks.

8 imagensFechar modal.1 de 8Criminosos explodem duas agências bancárias em Paraibuna

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PMMG8 de 8PF atua contra o novo cangaço

PF/Divulgação  

Chamadas de Novo Cangaço, essas empreitadas são feitas pelo PCC para levantar recursos financeiros em situações de crise, quando a facção sofre grandes prejuízos financeiros com apreensões de cargas de drogas pela polícia.

Para a tentativa de assalto no Mato Grosso, o PCC movimentou R$ 2 milhões na conta de “Magrelo”. Ele acabou morto cerca de um mês após o crime, em um suposto confronto com a polícia, em uma estrada rural na região de Pium (TO).

Com ele, a Polícia Militar (PM) afirmou ter encontrado um fuzil calibre 762, armamento usado em guerra.

“Domínio de cidades” A empreitada atribuída a Magrelo é chamada pela PF de “domínio de cidades”, ação mais perigosa e planejada do que o novo cangaço.

Prova disso é que a quadrilha alugou imóveis, no estado do Pará, cerca de 15 dias antes do ataque à transportadora no Mato Grosso, ocorrido em 9 de abril do ano passado. Na ocasião, os criminosos, fortemente armados, chegaram à Confresa, onde se dividiram.

Parte do bando foi até uma base da PM, que foi alvo de tiros. Os bandidos também conseguiram impedir a transmissão de câmeras de segurança e a comunicação policial, após destruírem transformadores de energia.

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A sede da Brinks foi atacada em seguida, na qual tentaram ter acesso ao cofre, usando explosivos, mas sem sucesso.

Durante a fuga, os bandidos promoveram uma onda de terror na região, dando tiros nas ruas.

Cerca de 350 policiais, de cinco estados, foram mobilizados para “caçar” a quadrilha. Até 17 e maio, quando as ações forma desmobilizadas, o saldo de mortos era de 18.

Investimento milionário Em um relatório de inteligência financeira a PF identificou 19 comunicações de operações financeiras “atípicas” na conta de Magrelo, em pouco mais de um ano.

Em cerca de seis meses, no período que antecedeu o ataque à base de valores da Brinks, Magrelo movimentou R$ 1,9 milhão em sua conta corrente.

“Essas operações foram consideradas incompatíveis com o patrimônio a capacidade financeira dele, tendo em vista que declarou uma renda mensal de R$ 4.290,00”, destacou a PF.

O dinheiro foi repassado por meio de dois laranjas, também investigados pela PF e cujas contas bancárias movimentaram, juntas, cerca de R$ 10 milhões.

Um desses laranjas, inclusive, recebia benefícios assistenciais do governo.

PCC e novo cangaço Como já mostrado pelo Metrópoles, membros do PCC participam de assaltos chamados de “novo cangaço” que, além de ajudar a levantar dinheiro emergencialmente, também são uma forma de mostrar o poder de fogo da facção.

Em março de 2016, a quadrilha queimou dois caminhões e trocou tiros em Campinas, interior de São Paulo, após roubar R$ 4,8 milhões da Protege.

Pouco mais de um ano depois, já em Ciudad del Este, no Paraguai, o PCC levaram US$ 40 milhões (R$ 194 milhões, na catação de abril de 2017) da Prosegur. Foram usados explosivos no que foi considerado o maior assalto da história paraguaia.

Já em dezembro de 2020, a fação roubou R$ 130 milhões do Banco do Brasil em Criciúma. Para isso, levantou barricadas com carros incendiados e fez reféns sentados em meio à rua, contra a reação da polícia.

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