Dino alerta Congresso sobre drible à decisão do STF por transparência em emendas

Publicado:

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na quinta-feira (1º), o ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que as emendas de comissão do Congresso Nacional não podem seguir com a falta de transparência evidenciada nas emendas de relator.

De acordo com o ministro, há suspeitas de que parte dos recursos das emendas de relator – consideradas inconstitucionais – tenham sido transferidas para as emendas de comissão, mantendo, em essência, a falta de publicidade na utilização dos recursos públicos.

“O Supremo não declarou a falta de transparência na RP9 [emenda de relator]. A razão da decisão do Supremo é que qualquer forma de orçamento secreto é proibida”, afirmou Dino.

A declaração ocorreu durante a abertura de uma audiência convocada pelo ministro, contando com a presença de representantes do governo federal, do Congresso Nacional, do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Ministério Público Federal.

O objetivo é debater o cumprimento da decisão do STF que revogou as emendas de relator – mecanismo impulsionado durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) para negociações políticas entre o Congresso Nacional e o governo federal.

O STF entende que a decisão não foi integralmente cumprida por não garantir transparência quanto aos restos a pagar; ainda subsistem suspeitas de que a mesma prática de execução orçamentária, de maneira sigilosa, continue sob a modalidade das emendas de comissão.

“Se na RP9 [emenda de relator] é necessário cumprir a Constituição no que se refere à transparência, publicidade e rastreabilidade, por razões idênticas, conforme estabelecido no acórdão do Supremo, é imprescindível que isso também seja observado em relação à RP8 [emenda de comissão]”, afirmou Dino.

O ministro ainda alertou que caso haja uma manobra do Congresso, mantendo a prática do “orçamento secreto” por meio de outra modalidade, isso representaria o fim do “controle de constitucionalidade no país”.

“Seria suficiente que, diante de uma lei declarada ou prestes a ser considerada inconstitucional, fosse votado um novo diploma, fazendo com que a ação direta perdesse o objeto”, explicou.

Com o fim das emendas de relator em 2022, o Congresso fortaleceu as emendas de comissão – recursos que as comissões temáticas da Câmara e do Senado têm para distribuir entre os parlamentares de seus respectivos estados.

O montante teve um aumento significativo em 2023, chegando a R$ 7,6 bilhões, um aumento de mais de 300%. Este ano, o valor dobrou, sendo fixado em mais de R$ 15 bilhões no Orçamento.

Segundo reportagem da Folha, a Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados favoreceu Alagoas na distribuição das emendas parlamentares de 2024. O estado é a base de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que mantém controle sobre as negociações de verbas das comissões.

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Músico come sanduíche de linguiça e brócolis, e morre ajoelhado na rua

Na cidade de Diamante, na Calábria, a vida do músico Luigi Di Sarno foi interrompida de maneira trágica após consumir um sanduíche de...

PRF apreende carga de 84 iPhones avaliada em meio milhão de reais

Em uma operação surpreendente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) interceptou uma carga impressionante de 84 iPhones, cujo valor ultrapassa meio milhão de reais,...

Relatório dos EUA cita morte pela PM de SP em crítica ao Brasil

Recentemente, o Departamento de Estado dos Estados Unidos publicou um relatório notório sobre a situação dos direitos humanos no Brasil, citando o trágico...