Inicialmente, ao considerar as regiões mais desenvolvidas do Brasil, o Sudeste e o Sul, apoiar a candidatura de alguém como Pablo Marçal para prefeito de uma grande capital pareceria algo plausível apenas no Rio de Janeiro, e em nenhum outro lugar.
Em uma ocasião, Pelé afirmou que o povo não sabe votar e causou grande repercussão. Não me atrevo a afirmar que os moradores do Rio não sabem votar. No entanto, desde a redemocratização do país, apenas dois governadores do Rio não foram alvo de investigações por corrupção.
Para ser mais específico, Leonel Brizola e Marcello Alencar. Além disso, outros três vices que assumiram temporariamente o cargo também não foram investigados por corrupção: Nilo Batista, Benedita Silva e Francisco Dornelles. Cinco governadores do Rio já foram presos.
O governador atual, Cláudio Castro (PL), foi indiciado pela Polícia Federal por suspeitas de corrupção passiva e peculato em um esquema de desvio de recursos públicos do Estado. Ele se tornou um governante fragilizado, assustando-se ao ouvir uma sirene de ambulância.
É prudente aguardar a próxima pesquisa Datafolha para determinar se a candidatura de Marçal (PRTB) está ganhando força, como indicado pela pesquisa divulgada recentemente. Pode ser que sim. Pode ter sido apenas um momento passageiro. A ver.
Caso sua popularidade esteja crescendo, os cidadãos paulistanos, acostumados a serem governados por prefeitos acima de qualquer suspeita desde 1985 (com exceção de dois casos: Paulo Maluf e Celso Pitta), enfrentarão um desafio considerável.
Como evitar a eleição de um candidato com reputação questionável, condenado por irregularidades no passado, associado a pessoas com supostas ligações com o crime organizado e sem propostas claras de um partido oportunista?
Marçal promete apresentar em breve as ideias que diz ter para administrar a cidade mais populosa e relevante do país. “Não é isso que vocês querem?”, perguntou ele, recentemente, a um grupo de jornalistas. Em outra ocasião, falou sobre seu plano de instalar teleféricos pela cidade.
Também mencionou a construção do prédio mais alto da América Latina. Em um momento de falsa modéstia, pediu perdão por ter, segundo ele, se destacado de uma maneira que pode não ter agradado a uma grande parcela dos eleitores.
É viável confiar em alguém que se tornou famoso por mentir compulsivamente, seguindo os passos de seu mentor? A resposta é sim. Bolsonaro construiu sua carreira com base em falsidades e quase foi reeleito presidente. Marçal não passa de uma imitação dele.

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