No dia em que a rede de posteamento estava sendo instalada, muitas famílias encheram os olhos de lágrimas, emocionadas com a proximidade do fim da escuridão e da falta de acesso à energia elétrica.
Moradoras da Comunidade de Volta Miúda, no município de Caravelas, quase 30 famílias sonhavam em ligar uma geladeira, uma televisão ou uma lâmpada, por exemplo.
Vivendo décadas sem acesso à luz elétrica, exatamente 28 famílias aguardavam ansiosas pelo fim do impasse entre a Coelba e a Suzano S/A.
As duas empresas não chegavam à um acordo sobre a propriedade da faixa de terra por onde passava uma antiga estrada, com plantios de eucalipto ao seu redor.
A Suzano S/A exigia uma compensação financeira para permitir a colocação dos postes. A Coelba, por sua vez, chegou a oferecer um valor, considerado muito abaixo do exigido pela empresa de celulose.
Sem solução do problema, a Associação dos Moradores de Volta Miúda decidiu impetrar com uma ação na justiça. Foram mais de dez anos do processo judicial até o chamamento da Prefeitura de Caravelas, auxiliando na comprovação de que a área questionada pela Suzano S/A já era uma estrada, muito antes da aquisição das terras, na década de 70.
Documentos, relatos, depoimentos e a história da comunidade quilombola contribuíram para deixar registrado que essa estrada já era utilizada em viagens de ônibus ou em lombos de animais como acesso à Helvécia, antes da abertura da Estrada do Boi, como ficou conhecida a BR-418.
Resultado, sem comprovar ser a dona da área, a Suzano S/A não pôde exigir dinheiro, nem impedir a colocação dos postes, uma vitória dos caravelenses, que há tanto tempo sofria com esse impasse.
O Prefeito de Caravelas, Silvio Ramalho, comemorou a decisão. “Sempre nos empenhamos em trabalhar pela melhoria de vida dos caravelenses e essa é mais uma ação em que compartilhamos da mesma alegria e satisfação que essas famílias”, destaca.
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