RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O rapper Oruam foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A ação ocorreu para investigar disparos efetuados por ele em um condomínio no interior de São Paulo, em dezembro. Durante a realização dos mandados em sua residência, situada no Joá, zona oeste do Rio, os policiais encontraram e recapturaram um foragido da Justiça por organização criminosa. O músico foi autuado em flagrante pelo crime de favorecimento pessoal.
O delegado Moyses Santana destacou que, devido ao caráter “delito de menor potencial ofensivo”, Oruam somente permanecerá preso caso se negue a colaborar e a assinar um termo circunstanciado. “Pode ser que ele não fique preso, mas não deixa de ser uma prisão em flagrante. Está autuado em flagrante delito”, explicou o delegado.
“Ele alegou desconhecimento sobre a situação do foragido em sua residência. Entretanto, depoimentos de outras testemunhas indicam que o foragido apareceu no dia anterior à ação policial. Ele afirmou não ter conhecimento da situação do indivíduo em fuga. Junto com o foragido, foi encontrada uma pistola 9 mm com kit rajada, munições e radiotransmissores”, disse o delegado.
Questionado sobre a presença do foragido em sua casa e se gostaria de fazer uma declaração, o rapper respondeu: “Vou dizer o quê?”. Sua declaração foi concedida enquanto entrava na Cidade da Polícia. “Qualquer informação que eu compartilhar com vocês não fará diferença alguma”, acrescentou.
O advogado de defesa de Oruam, Fernando Henrique Cardoso, afirmou: “O nosso cliente recebeu a Polícia Civil para o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em sua residência. A polícia foi recebida pacificamente, o mandado foi executado sem resistência. Durante a ação, foi identificado que uma pessoa na casa possuía um mandado de prisão em aberto. Ninguém tinha conhecimento disso. Essa pessoa chegou à casa dele na segunda-feira”.
Oruam foi então conduzido à Cidade da Polícia no início da manhã, chegando em seu próprio carro às 7h57, acompanhado por um segurança. O caminho até a sede das autoridades foi escoltado por viaturas policiais, abrindo espaço desde a zona oeste até a zona norte, onde se localiza a base da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).
O rapper deixou as instalações às 10h50, afirmando que o foragido “não é traficante” e que a bala utilizada no vídeo era “de borracha”.
De acordo com a polícia, o foragido em questão é Yuri Pereira Gonçalves, 25 anos, alvo de um mandado de prisão por organização criminosa. A reportagem não conseguiu localizar seus defensores até a publicação deste texto.
Além disso, na residência do rapper, foram apreendidos vários simulacros de armas de fogo, telefones celulares, joias, um anel com um símbolo de urso e uma imagem de uma igreja na Penha.
O delegado informou que a atitude de Oruam foi calma durante a operação.
Essa ação policial se deu em resposta a um suposto disparo de arma de fogo que teria sido feito pelo rapper de forma indiscriminada em um condomínio no interior de São Paulo no final do ano passado, colocando em risco a vida de várias pessoas, conforme alegações da polícia. Em decorrência desse incidente, ele foi indiciado pelo crime de disparo de arma de fogo.
A investigação está sendo conduzida pela DRE, que cumpriu mandados de busca e apreensão contra Oruam e sua mãe, Márcia Nepomuceno. As ordens judiciais foram emitidas pela Justiça de Santa Isabel (SP), após investigações apontarem que o rapper teria efetuado um disparo em 16 de dezembro em um condomínio em Igaratá (SP). Em virtude disso, a Justiça determinou a busca pela arma utilizada.
O delegado mencionou que a Justiça autorizou a quebra de sigilo dos celulares apreendidos durante a operação.
Em comunicado à reportagem, a Polícia Civil de São Paulo afirmou não haver investigações sobre os disparos. “A Polícia Civil do Estado de São Paulo não possui registro relacionado ao cantor citado”, declarou.
Segundo apuração da Folha de S.Paulo de 2010, Marcinho VP, já detido, acumulou R$ 40 milhões em uma década.
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