USP diploma estudante de pedagogia morta durante a ditadura militar

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São Paulo — Em uma iniciativa marcante, a Universidade de São Paulo (USP) concederá um diploma póstumo à estudante Lígia Maria Salgado Nóbrega, que cursava pedagogia na Faculdade de Educação (Feusp) e foi morta aos 24 anos durante a ditadura militar brasileira em 1972, antes de concluir sua graduação.

A diplomação integra o projeto “Diplomação da Resistência”, lançado recentemente com o propósito de outorgar diplomas honorários aos 31 estudantes da USP que foram vítimas da ditadura, em uma tentativa de reparar injustiças e homenagear a memória desses ex-alunos. A ação é resultado de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (Prip) e a Pró-Reitoria de Graduação (PRG).

“O projeto atende a um desejo antigo dos sobreviventes e familiares por reconhecimento da universidade, que reconhece que esses estudantes tiveram suas vidas interrompidas de forma trágica”, destaca Renato Cymbalista, coordenador da diretoria de Direitos Humanos e Políticas de Reparação, Memória e Justiça da Prip.

Lígia foi perseguida e morta aos 24 anos na Chacina do Quintino, no Rio de Janeiro, em 1972. Ela estava grávida de dois meses quando foi morta juntamente com outros dois estudantes, Antônio Marcos Pinto de Oliveira e Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo, em um cerco policial a uma casa no bairro do Quintino. A versão oficial, divulgada na época, afirmava que Lígia teria sido morta ao reagir aos policiais, porém laudos posteriores não confirmaram essa versão.

A Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, em 2013, concluiu que os estudantes foram torturados, desmentindo a versão oficial dos fatos.

Quem foi Lígia

Lígia Maria Salgado Nóbrega, nascida em Natal, passou grande parte de sua infância em São Paulo. Aluna de destaque, ingressou em 1957 no curso de Pedagogia na USP, onde se notabilizou como liderança no grêmio estudantil.

Em 1970, tornou-se militante na Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares) contra a ditadura militar, o que a levou a viver clandestinamente, mudando-se para o Rio de Janeiro.

Faleceu em 29 de março de 1972, aos 24 anos, grávida de dois meses, em uma operação policial conhecida como Chacina do Quintino. A ação, realizada pelo DOI-CODI, DOPS/GB e Polícia Militar, resultou na morte dos estudantes presentes na casa, em que apenas um conseguiu escapar.

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