Ucrânia quer mais brasileiros lutando em suas trincheiras

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Ucrânia quer mais brasileiros lutando em suas trincheiras

Com a promessa de salários que podem chegar a até R$ 25 mil por mês, o governo ucraniano está em busca de brasileiros dispostos a se unir às suas tropas para enfrentar a invasão russa que já dura mais de três anos. Recentemente, vídeos circularam pelas redes sociais brasileiras mostrando oficiais de Kiev, mercenários experientes e voluntários civis, todos com o intuito de atrair novos combatentes.

Para facilitar o processo, a Ucrânia traduziu sua página de alistamento oficial para o português e mobilizou recrutadores brasileiros para atuar ativamente em grupos de WhatsApp, Telegram e Signal, três dos aplicativos de mensagens mais populares no Brasil.

Seguindo o exemplo da Colômbia, onde cerca de dois mil colombianos já lutaram ao lado das forças ucranianas, a estratégia visa conquistar a atenção de brasileiros em busca de novas oportunidades. A maioria dos colombianos que se uniram às tropas ucranianas eram ex-militares e ex-guerrilheiros, atraídos pelos salários mais altos oferecidos em comparação com a média salarial de seu país.

Rendimentos

A expectativa das autoridades ucranianas é que a promessa de ganhos financeiros significativos atraia igualmente os brasileiros. Soldados nos vídeos compartilhados minimizam os riscos da guerra, enfatizando as possibilidades de lucro rápido, ressaltando ainda que os recrutas estrangeiros recebem treinamento e suporte básico.

Apesar de não exigir experiência militar formal, a Ucrânia destaca que experiências anteriores em confrontos, mesmo em unidades paramilitares ou milícias, são vantajosas para os recrutas.

Busca por estrangeiros

Com o aumento de desertores e fatalidades entre seus combatentes, a Ucrânia enfrenta uma crise de efetivo e intensificou a busca por estrangeiros para reforçar suas fileiras. Estima-se que aproximadamente 100 mil soldados ucranianos tenham desertado desde o início da invasão russa em 2022.

Além disso, dezenas de milhares de soldados ucranianos perderam a vida nos campos de batalha, embora o governo evite divulgar números oficiais. Atualmente, a Ucrânia mantém cerca de 800 mil combatentes ativos.

A crise demográfica na Ucrânia é profunda, com a população do país diminuindo de 50 milhões para cerca de 32 milhões desde a independência em 1991. Isso leva o governo a considerar a necessidade de estrangeiros não apenas durante, mas também após a guerra.

O exemplo dos colombianos

A Colômbia, tendo sido um dos principais alvos naturais de recrutamento, viu uma diminuição no fluxo de combatentes nos últimos meses, devido ao alto número de mortes e às dificuldades burocráticas para as famílias receberem indenizações.

Os salários na Ucrânia variam de US$ 500 por mês como base, aumentando conforme o risco das missões. No entanto, a exposição a situações mais perigosas, necessária para alcançar os salários mais altos, também aumenta exponencialmente o risco de morte.

De acordo com informações repassadas pela Rússia e divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, pelo menos 300 colombianos perderam a vida lutando ao lado dos ucranianos nos últimos três anos de conflito.

Brasileiros na Ucrânia

Em comparação com a Colômbia, o Brasil tem números mais modestos de combatentes. Oficialmente, o Itamaraty registra o falecimento de oito brasileiros em combate desde 2022, com outros 13 considerados desaparecidos. A estimativa é que até cem brasileiros estejam incorporados à Legião Internacional da Ucrânia, embora esses números não sejam oficiais.

Inicialmente motivados por convicções ideológicas ou políticas, a campanha de recrutamento ativa do governo ucraniano está mudando o foco de muitos brasileiros, atraindo aqueles em busca de oportunidades financeiras rápidas.

Apesar da promessa de altos salários, a Ucrânia não oferece passagens para o país, resultando em desafios financeiros para muitos interessados, como no caso de Renato, o cinegrafista de Manaus que vendeu seu carro e lançou uma campanha de arrecadação para custear sua viagem.

*Os nomes foram alterados para preservar a identidade dos entrevistados.

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