INSS: assessor de pecuarista repassava dinheiro a sócio de ex-ministro

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Um dos assessores do pecuarista Carlos Roberto Ferreira Lopes está envolvido em transações suspeitas, onde repassava dinheiro a um auxiliar-administrativo que, apesar de ter uma renda de R$ 1,5 mil, é sócio de José Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho e Previdência, e ex-presidente do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) durante a gestão de Jair Bolsonaro. O caso foi revelado pelo Metrópoles.

O assessor, identificado como Cícero Marcelino de Souza Santos, tinha vínculos com a Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), presidida por Lopes. Essa entidade está sendo investigada por um esquema bilionário que potencialmente retirou dinheiro de aposentados sem o seu consentimento.

Segundo investigações da Controladoria-Geral da União (CGU), a Conafer arrecadou cerca de R$ 688 milhões em remunerações de camponeses e indígenas desde 2019. O presidente da associação é proprietário de uma loja de artesanatos indígenas no Aeroporto Internacional de Brasília.

As apurações da Polícia Federal indicam que Cícero Marcelino é considerado um possível operador da Conafer e está envolvido em transações questionáveis com José Laudenor, um auxiliar administrativo com rendimento de R$ 1,5 mil.


Entenda o caso revelado pelo Metrópoles

  • Em março de 2024, o Metrópoles divulgou, com base em dados da Lei de Acesso à Informação (LAI), que 29 entidades autorizadas pelo INSS a cobrar mensalidades das aposentadorias tiveram um aumento de 300% em seus faturamentos em apenas um ano, enquanto lidavam com mais de 60 mil processos judiciais sobre descontos indevidos.
    A análise revelou que várias dessas entidades foram condenadas por fraudar a filiação de aposentados, levando descontos mensais de R$ 45 a R$ 77 em benefícios, sem que os aposentados estivessem cientes.
  • Após a exposição, o INSS iniciou investigações internas, enquanto a CGU e a PF deram início à apuração que culminou na Operação Sem Desconto, deflagrada na quarta-feira.
  • As reportagens também identificaram os empresários envolvidos nas entidades acusadas de fraudar filiações de aposentados. Após a repercussão, André Fidelis, diretor de Benefícios do INSS, foi exonerado.
  • Em abril de 2025, a PF lançou a Operação Sem Desconto para combater o esquema criminoso.

Laudenor, por sua vez, é sócio de José Carlos Oliveira na Fayard Organizações e Serviços Empresariais, que Oliveira atualmente alterou o nome para Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.

Os dois também têm participação em outra empresa chamada Yamada e Hatheyer Serviços Administrativos LTDA, que contava ainda com a filha de Oliveira e com Edson Akio Yamada, ex-diretor de Benefícios do INSS.

“Por fim, é importante ressaltar que José Laudenor manteve vínculos financeiros com Cícero Marcelino, que operou em colaboração com Carlos Roberto Ferreira Lopes – presidente da Conafer – e também com Ahmed Mohamad, ex-presidente do INSS e ex-ministro do Trabalho e Previdência. As transações levantam suspeitas sobre a movimentação de recursos de terceiros e possíveis atividades ilegais, caracterizando indícios de burla/fracionamento e lavagem de dinheiro”, indica a investigação da Polícia Federal.

Apesar de mencionado, José Carlos Oliveira não foi alvo da Operação Sem Desconto, iniciada em 23 de abril. Os dados foram encaminhados à PF pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Defesa

Em uma nota, Carlos Lopes, presidente da Conafer, e a própria entidade, informaram que possuem 8 milhões de associados e atuam em 4,5 mil municípios, garantindo que as “atividades pessoais [de Lopes] como pecuarista e produtor não influenciam nas operações da entidade”.

O comunicado destaca ainda que a Jaguar Artes Indígenas visa promover e desenvolver artesanato de aldeias.

“Com relação às questões envolvendo a presidência do INSS, a Conafer observa o desenvolvimento do inquérito com serenidade, ressalvando que a receita do INSS representa apenas 11% do total da entidade”.

O Metrópoles também buscou contato com José Carlos Oliveira, porém não obteve resposta. Seus sócios, José Laudenor e Edson Yamada, também foram procurados sem sucesso.

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