EMPREGOS & NEGÓCIOS
Montadora chinesa acelera contratações na Bahia e prevê impacto socioeconômico significativo
Por Fernando Valverde
13/07/2025 – 8:41 h

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Aos 44 anos, Daniela Menezes vestiu novamente o uniforme da indústria automotiva, retornando ao setor que havia encerrado suas atividades em 2021. Como moradora de Camaçari (BA), ela viveu uma jornada desafiadora até ser contratada pela BYD, a gigante chinesa da mobilidade elétrica. Atuando como líder de logística desde junho na nova planta, Daniela expressa o sentimento de recomeço com entusiasmo e esperança.
“Desejava muito voltar ao setor automotivo. Os primeiros dias na BYD têm sido eufóricos. É tudo muito maior — só o primeiro galpão já tem quase o tamanho da antiga fábrica inteira”, compartilha Daniela, destacando que essa oportunidade não é apenas uma vitória pessoal, mas uma perspectiva de um futuro melhor para sua cidade.
Daniela é uma entre 1.000 funcionários já contratados pela BYD na Bahia. Em julho, a montadora disponibilizou mais de 1.000 vagas através de canais como Sine Bahia e redes sociais, com a expectativa de gerar até 20 mil empregos diretos e indiretos até 2027, fortalecendo toda a cadeia de serviços e comércio da região.
A chegada da montadora à Camaçari, com um investimento de até R$ 6,5 bilhões, reflete o movimento global em direção à eletrificação do transporte. Um estudo do ICCT Brasil indica que o Brasil tem potencial para duplicar o número de empregos até 2050, investindo na produção local de baterias e na capacitação profissional.
“As vendas de veículos elétricos estão crescendo, mas é essencial considerarmos os impactos sociais dessa transição”, afirma Marcel Martin, diretor-executivo do ICCT Brasil. Ele observa que a mudança pode restringir algumas indústrias, mas abrirá portas em áreas como engenharia, logística e alta tecnologia.
Além disso, a eletrificação da economia pode gerar uma renda 85% maior, com uma distribuição mais justa entre os trabalhadores.
Polo promissor
A Bahia, com sua tradição no setor automotivo e infraestrutura robusta, se destaca como um polo para essa nova realidade. “A produção de veículos elétricos se alinha ao desafio da neoindustrialização e é uma peça chave na construção de uma economia sustentável na Bahia”, afirma Marcus Verhine, gerente-executivo de Desenvolvimento Industrial da Fieb.
A BYD também está firmando parcerias com instituições locais para capacitar a mão de obra, incluindo ex-funcionários da Ford e jovens em treinamento. “Queremos criar uma base sólida e socialmente responsável”, comenta Rodrigo Rosseto, gerente sênior de RH da empresa.
Esse movimento da indústria já repercute em outros setores, como a construção de um novo hotel Ibis em Camaçari, que deve gerar 55 empregos. “Estamos observando de perto essa recuperação industrial, que também demanda mais serviços como hospedagem e alimentação”, afirma Guilherme Reis, gestor comercial da PPA Real Estate.
O relato de Daniela simboliza as oportunidades em meio à transformação tecnológica. “A chegada da BYD pode mudar o destino de muitas famílias aqui. É vital que as oportunidades sejam acessíveis para todos: jovens, mulheres e aqueles que buscam se qualificar”, conclui.
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