Entidades que realizam ações sociais com recursos de emendas dos vereadores de São Paulo têm investido uma parte considerável de seus orçamentos em serviços de fotografia profissional, somando quase R$ 100 mil. Essa escolha vem à tona em uma análise que revela como os R$ 256 milhões liberados para emendas dia a dia são movimentados, com mais de R$ 200 milhões direcionados a parcerias para eventos sociais e esportivos.
Após investigar inúmeras prestações de contas do terceiro setor, constatou-se que muitas organizações apresentaram custos inflacionados, especialmente em relação aos serviços fotográficos. Os gastos com fotografia têm chamado a atenção: entidades pagam por diárias mesmo quando os serviços se estendem por meses, e, muitas vezes, a qualidade das imagens não corresponde ao valor investido.
Um exemplo notável é o evento “Skate Para Todos”, realizado na Vila Prudente. Financiado por uma emenda de R$ 600 mil da vereadora Edir Sales (PSD), quase R$ 97 mil foram destinados à fotografia – quase 20% do total. Isso inclui R$ 81,9 mil por 126 diárias de um fotógrafo, mais R$ 15 mil para edição. A mesma profissional foi responsável por diversos outros serviços, como coordenação técnica e monitoria em ações diversas.
A assessoria da vereadora Edir Sales esclareceu que as emendas são destinadas às instituições que elaboram um Plano de Trabalho, ressaltando que cabe a elas a administração e execução dos recursos, conforme as normas vigentes.
A justificativa para os elevados investimentos em fotografia é a importância de imortalizar as atividades por meio de boas imagens. Um dos documentos analisados destaca que “a presença de um bom fotógrafo é fundamental para garantir que o projeto permaneça eternizado na história da entidade”. Embora reconheçam a tentação de reduzir custos com registros amadores, enfatizam que a fotografia profissional aprimora a representação do projeto.
Outro caso relevante é a Liga Master de Futebol Amador, que recebeu uma emenda de R$ 320 mil do vereador Gilson Barreto (MDB). Eles também priorizaram a qualidade das imagens, gastando mais de R$ 50 mil em 92 diárias de fotógrafo, além de outros custos com edição e produção. No entanto, as imagens apresentadas na prestação de contas ficaram aquém das expectativas, com fotos muitas vezes estouradas ou fora de foco.
A Felfa-SP justificou que a cobertura fotográfica é parte integrante do plano de trabalho, essencial para a documentação técnica das atividades. Eles afirmam que os custos estão em conformidade com as práticas do mercado. Em relação à Liga Master, o espaço para resposta permanece em aberto, já que não houve retorno ao contato da reportagem.
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