Congresso empurrado para a crise Brasil-EUA (por Leonardo Barreto)

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O Brasil se encontra em uma encruzilhada complexa, sem clareza sobre como reagir à intervenção americana que afeta tanto sua economia quanto sua política. A única certeza é que, em meio a essa tempestade, o Congresso se torna a última linha de defesa.

Diante de uma ameaça desconhecida que atinge cidadãos comuns, como a Lei Magnitsky e o cancelamento de vistos, a busca por proteção se torna o instinto imediato. Quando o ministro Alexandre de Moraes sofreu sanções, ele clamou por apoio político do Planalto, deixando Lula em uma posição delicada, devido à estreita relação entre os poderes Executivo e Judiciário.

A resposta do Legislativo, no entanto, foi cautelosa. Embora tenham destacado a importância da soberania, as declarações de Hugo Motta e Davi Alcolumbre evitaram referências diretas a Moraes, indicando uma tentativa de se afastar de uma controvérsia que consideravam exclusiva dos outros poderes.

A princípio, existia a possibilidade de que o Congresso tirasse proveito do desgaste enfrentado por STF e Planalto, especialmente considerando tentativas de despojar deputados e senadores de suas prerrogativas. No entanto, a realidade atual coloca as consequências dessa dinâmica sob os holofotes.

Com a resistência do STF se mostrando inflexível, forças ligadas ao bolsonarismo intensificam a pressão para votação da proposta de anistia. Por outro lado, setores da esquerda que antes se opunham à pauta agora reavaliam suas posições.

Um argumento crescente entre os membros do centro é que, se a anistia for debatida e derrotada, isso poderá sinalizar a falta de perseguição política, anulando assim o discurso de Donald Trump sobre as autoridades brasileiras. Contudo, os parlamentares que se encontram fora das divisões extremas percebem que se alinhar a essa votação pode lhe custar apoio nas urnas.

Assim, é possível que vozes competidoras do espectro político pressionem o centro a se posicionar em uma polarização que preferiria evitar. Tanto a Casa Branca quanto o STF mantêm a capacidade de pressão sobre o Congresso, gerando um cenário onde a negociação se torna essencial.

A tradição brasileira de buscar conciliações poderá ser testada, mesmo que a proposta de votação da anistia possa parecer uma convergência temporária. A intenção subjacente de ambas as partes parece ser a de desmascarar e derrotar o adversário, resultando em um impasse que exige habilidade política. Ao refletir sobre essa situação, a frase do senador gaúcho Pinheiro Machado ecoa: “Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo.”

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