De acordo com as normas de prevenção à lavagem de dinheiro do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), instituições financeiras devem reportar movimentações superiores a R$ 30 mil com a devida identificação dos clientes. No entanto, a PF constatou que os depósitos não tinham informações dos depositantes, contrariando as exigências legais, segundo o delegado Mateus Marins Corrêa de Sá.

Em resposta à situação, o Santander afirmou que possui controles rigorosos e que não pode comentar casos específicos. Já a Caixa mencionou que coopera com as autoridades, mas as informações são tratadas como sigilosas.

Como funcionava o esquema

O esquema operava com uma instituição de pagamentos chamada Tycoon, que registrou os depósitos sem identificação dos clientes. Essa empresa, fundada em 2016, é majoritariamente controlada por Rafael Belon, um dos acusados. O delegado observou que a Tycoon movimentava dinheiro vivo de postos de gasolina de maneira atípica, utilizando ordens de crédito eletrônicas.

Após as investigações, a Justiça decretou a prisão preventiva de 14 acusados, incluindo os líderes da organização criminosa, Roberto Augusto Leme da Silva e Mohamad Hussein Mourad, que estão foragidos. O esquema também tinha participação do BK Bank, que transferiu bilhões em operações suspeitas durante cinco anos.

Transações suspeitas

A PF identificou que 96,76% dos créditos efetivos nas contas da Tycoon vinham de depósitos em dinheiro, sem identificação. Na Caixa, foram contabilizados R$ 164,9 milhões em depósitos não identificados, muitos destinados ao BK Bank. No Santander, a conta em Curitiba apresentou R$ 91,2 milhões em transações, a maioria também sem análise de risco pelo banco.

Além disso, o Banco Rendimento e a fintech Line foram acusados de operar contas ocultas para a Tycoon, movimentando valores que possuem características típicas de lavagem de dinheiro.

Em nota, o Banco Rendimento informou que “sempre reportou de forma regular informações sobre todas as contas de seus clientes para o Banco Central, Receita Federal e os órgãos competentes. Com isso, reforça que não havia nenhuma “conta oculta” da Tycoon na instituição. O Banco Rendimento refuta veementemente qualquer acusação de relação com o crime organizado”, disse.

O caso destaca a fragilidade dos sistemas de controle financeiro em relação a movimentações suspeitas e levanta questões sobre a eficácia das medidas contra o crime organizado no Brasil.

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