Fraudes no INSS: CGU identifica uso de fotos xerocadas e manipuladas em esquema bilionário de descontos indevidos

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Documentos da Controladoria-Geral da União (CGU) mostram que entidades envolvidas na fraude denominada “Farra do INSS” utilizaram fotos xerocadas e manipuladas de documentos de identidade para fraudar a biometria facial exigida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) durante a filiação de aposentados. Essa prática possibilitou a implementação de descontos indevidos nos benefícios sem o consentimento dos segurados.

A reportagem teve acesso a milhares de páginas de processos que as entidades apresentaram para formalizar Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS. Entre os documentos, foram encontradas fichas de filiação que continham fotos retiradas de RGs no lugar das selfies atuais necessárias para comprovar a adesão voluntária dos aposentados.

A exigência da biometria facial foi implantada pelo INSS em 2024, após denúncias de fraudes. No entanto, associações buscaram empresas que criaram ferramentas para simular a legalidade dessas filiações. Três empresas estão sob investigação: Soluções Power BI Software Tecnologia e Internet, Confia Tecnologia da Informação e Dataqualify Desenvolvimento, Assessoria e Dados.

Essas empresas foram contratadas por entidades que totalizaram R$ 2,2 bilhões em descontos indevidos. A Power BI, de Igor Dias Delecrode, que também está ligada a associações investigadas, sozinho movimentou R$ 1,4 bilhão. Delecrode possui vínculos com a Amar Brasil, Master Prev e Aasap, todas apontadas pela Polícia Federal como parte do esquema.

Outro nome relevante é o de Anderson Ladeira, presidente da Associação de Assistência Social a Pensionistas e Aposentados (AASPA) e proprietário da Dataqualify, que produzia fichas de biometria para a entidade. A AASPA arrecadou R$ 6 milhões e está sob ações judiciais onde juízes invalidaram as fichas por falta de dados básicos de autenticidade.

A Confia Tecnologia também enfrenta investigações devido à sua ligação com o Sindnapi, onde Frei Chico, irmão do presidente Lula, ocupa um cargo de direção. A Anapps, outra associação citada, faturou R$ 127 milhões.

Ex-diretores do INSS e lobistas estão entre os envolvidos nas apurações. O ex-diretor de Benefícios, André Fidelis, é acusado de autorizar contratos suspeitos e teria recebido valores altíssimos do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, que representava entidades para formalizar acordos com o INSS.

As denúncias resultaram na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2025, que desbaratou o esquema. Ao todo, foram reunidas 38 matérias jornalísticas que fundamentaram o pedido da PF à Justiça.

Esse caso levanta questões importantes sobre a transparência e a segurança no manejo de informações pessoais. O que você acha que deve ser feito para evitar fraudes como essa? Deixe suas opiniões nos comentários.

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