Investigado na Farra do INSS celebrou ganhos na igreja: “Mão de Deus”

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Durante um culto na igreja evangélica Sete Church, o empresário Felipe Macedo Gomes, que está sendo investigado pela Polícia Federal por sua participação nas fraudes contra aposentados conhecidas como Farra do INSS, comemorou o sucesso de seus negócios. Ele compartilhou o palco com seus sócios, Américo Monte e Anderson Cordeiro, que o apoiavam durante seu testemunho ao lado de sua esposa.

No evento, realizado em junho de 2024, Gomes contou como se converteu à religião evangélica e mencionou que seus negócios prosperaram a partir de setembro de 2022, após começar a pagar o dízimo, inspirado por sua cunhada. Nesse mesmo ano, a Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), da qual ele era presidente, firmou um acordo com o INSS para realizar descontos em aposentadorias.

“Ela [cunhada] falou assim: ‘eu faço um desafio com você. Pega seu menor negócio, o que te rende menos, e comece a dizimar’. Eu aceitei. Dois meses depois, tive um aumento de 25% na minha receita. Eu vi a mão de Deus e entendi o que é o dízimo”, disse Felipe Gomes no culto em Alphaville, Grande São Paulo.

A Farra do INSS foi exposta pelo Metrópoles em uma série de reportagens iniciadas em dezembro de 2023. Essas reportagens deram origem às investigações da Polícia Federal, resultando na Operação Sem Desconto em abril deste ano, que culminou na queda do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

Dados da Controladoria-Geral da União (CGU) revelam que a Amar Brasil faturou R$ 143,2 milhões com os descontos de aposentados entre 2022 e junho de 2024. Em março de 2022, Gomes assinou um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS que autorizou esses descontos. No primeiro ano, a arrecadação foi um pouco acima de R$ 1 milhão, mas cresceu significativamente nos anos seguintes.

Veja o vídeo do testemunho

Sócios em oração

No culto na Sete Church, liderada pelo pastor Cesar Belluci, Felipe Gomes falou sobre os desafios da empreitada, destacando a fé e a decisão de continuar pagando dízimos, mesmo em momentos de dificuldades financeiras. Ele ressaltou que, junto com seus sócios, manteve a esperança, orando muito durante aqueles tempos difíceis.

“A vida do empresário aqui no Brasil é difícil. A gente tem bastante funcionário e a preocupação com eles era constante. Mas, junto com o Anderson e o Américo, não reclamamos, apenas oramos. Deus nos disse que a vitória viria”, contou Gomes, mencionando que ele e seus sócios fazem questão de manter o hábito do dízimo.

A reportagem do Metrópoles destaca que Felipe Macedo Gomes, Américo Monte e Anderson Cordeiro são sócios de Igor Delecrode, conhecido por usar uma empresa para fraudar a verificação biométrica de aposentados. Juntos, controlam quatro entidades envolvidas na Farra do INSS e vivem em alto padrão.

Procuramos os empresários para obter suas declarações, mas não recebemos resposta. O espaço permanece aberto para comentários.

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