A prisão do deputado estadual Binho Galinha (PRD) após dois dias foragido deixou a Assembleia Legislativa da Bahia em uma posição complicadora. Desde o início da Operação El Patrón, a expectativa era de que os parlamentares começassem a discutir a possível quebra de decoro do deputado de Feira de Santana. As acusações pesadas trouxeram à tona uma situação que transformou o Legislativo baiano em refém de um dos seus membros, como bem apontou o ex-presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD).
Com Binho Galinha agora preso, a tendência é que os deputados busquem evitar que o caso afete negativamente a imagem da classe política. Em teoria, ter entre os colegas um possível chefe de milícia seria motivo para avançar com o processo de cassação. No entanto, é mais provável que ocorra apenas uma suspensão temporária do mandato, sendo este um tema discutido discretamente nos bastidores, com pouca disposição para enfrentar as consequências do envolvimento de um deputado com a criminalidade.
Em 2022, quando foi eleito, Binho Galinha era quase um desconhecido para a maioria da população da Bahia. Seus votos vieram principalmente de Feira de Santana. Antes mesmo de assumir, alguns parlamentares mencionavam, em conversas informais, que ele já carregava uma fama duvidosa. Apesar disso, muitos optaram por dar o benefício da dúvida, sem saber que a realidade sobre ele seria muito mais séria. O divisor de águas se deu em dezembro de 2023, com a primeira ação do Ministério Público da Bahia contra Galinha, criando um cenário tenso e inédito para a Assembleia.
Após a instauração de um Conselho de Ética em resposta à pressão social, o colegiado acabou se mostrando ineficaz. Mesmo com a denúncia aceita e Galinha se tornando réu, a sombra do deputado gerou um clima de receio. O assunto era tratado com extrema cautela, como se qualquer declaração contra ele pudesse ter consequências severas.
Durante uma sessão no final de janeiro, Galinha parecia à vontade, já não era mais o outsider temido. Com um mandado de prisão em aberto, ele se escondeu por dois dias antes de se entregar à Polícia Federal, com o apoio de uma defesa poderosa que argumenta que ele é mais uma vítima do que um criminoso. Agora, atrás das grades, ele enfrenta o julgamento político que os colegas tentaram evitar por bastante tempo.
A situação é inusitada para a Assembleia, composta por políticos experientes e hábeis. É um galinha que intimida as raposas, e as razões para isso são evidentes. O caso Binho Galinha poderá ser um marco nas relações políticas entre um Estado paralelo e o Estado real. A questão é: de que lado estaremos no futuro?
E você, o que pensa sobre essa situação? Como acredita que a Assembleia deve agir nesse caso? Compartilhe sua opinião nos comentários.
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