A SpaceX anunciou a desativação de mais de 2.500 terminais Starlink suspeitos de serem usados para fraudes em Myanmar, próximo à fronteira com a Tailândia. A informação foi divulgada por Lauren Dreyer, vice-presidente de operações comerciais da Starlink, em um post na rede X. A medida foi tomada após a notícia de que o exército de Myanmar desmantelou um grande esquema de fraudes online.
Dreyer destacou que a SpaceX segue as leis locais em todos os 150 mercados onde a Starlink opera. A empresa monitora contínuamente violações de sua Política de Uso Aceitável. Quando identifica um problema, toma providências, incluindo a colaboração com autoridades policiais globais. No caso de Myanmar, a empresa desativou preventivamente os terminais nas proximidades de supostos “centros de golpes”.
Starlink e a atuação em Myanmar
É importante mencionar que a Starlink não possui licença para operar em Myanmar. Embora não tenha detalhado como os terminais foram desativados, a tecnologia permite que aparelhos sejam bloqueados individualmente ou que o sinal seja restringido em áreas específicas.
Recentemente, a mídia estatal de Myanmar noticiou que o exército local fechou um centro cibernético chamado KK Park, resultando na detenção de mais de 2.000 pessoas e na apreensão de dezenas de terminais Starlink. A operação, que começou em setembro, investigou 260 prédios não registrados e resultou em 30 terminais sendo confiscados.
O porta-voz do governo militar, Maj. Gen. Zaw Min Tun, apontou que líderes de um grupo armado étnico, a União Nacional Karen, estavam supostamente envolvidos nos golpes, apesar de a organização negar qualquer participação.
O contexto das fraudes e uso da Starlink
Myanmar é notório por abrigar operações de golpes cibernéticos que atingem vítimas globalmente. Esses esquemas costumam envolver fraudes românticas ou investimentos falsos, com trabalhadores de outras nações sendo mantidos em condições coercitivas.
Um levantamento da AFP revelou que a região da fronteira com a Tailândia é um reduto de fraudes operadas por sindicatos criminosos chineses, sob supervisão de milícias locais e com a conivência do governo militar. Trabalhadores libertados relataram abusos físicos e jornadas exaustivas.
Um relatório de outubro de 2024 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime apontou que durante o primeiro semestre de 2024, cerca de 80 antenas Starlink foram apreendidas em Myanmar e Tailândia, onde o serviço é proibido. Apesar das restrições, grupos criminosos continuam a acessar a internet via Starlink, aproveitando sua conectividade rápida.
Ação de autoridades e pressão internacional
O uso inadequado da Starlink tem gerado inquietação em nível global. Em julho de 2024, a senadora americana Maggie Hassan solicitou a Elon Musk, CEO da SpaceX, que impedisse a utilização da tecnologia por grupos que afetam cidadãos dos Estados Unidos. Ela ressaltou que, embora a SpaceX tenha tomado medidas para desativar dispositivos, o uso da Starlink por fraudes no Sudeste Asiático ainda persiste.
Principais pontos da operação de desativação da Starlink em Myanmar:
- Mais de 2.500 terminais desativados por suspeita de uso fraudulento;
- Ações ocorreram em centros próximos à fronteira com a Tailândia;
- Starlink não possui licença de operação em Myanmar;
- Terminais podem ser desativados individualmente ou via geofencing;
- Centros de fraude envolvem recrutamento forçado de trabalhadores estrangeiros;
- Operações controladas por sindicatos criminosos com apoio das milícias locais;
- 2.198 pessoas foram detidas e 30 terminais apreendidos;
- A ONU identificou uso recorrente da Starlink em golpes na região;
- Autoridades internacionais pressionam a SpaceX para erradicar abusos da rede.
Este assunto levanta questões importantes sobre como as tecnologias podem ser utilizadas de forma indevida. Como você vê essa situação? Compartilhe suas ideias e opiniões nos comentários.
Facebook Comments