O rei Charles III e a rainha Camilla chegaram a Roma nesta quarta-feira (22) para uma visita de Estado ao Vaticano. O destaque da viagem será uma cerimônia ecumênica na Capela Sistina, onde o rei se juntará ao papa Leão XIV, um evento sem precedentes desde o cisma da Igreja Anglicana, que ocorreu há 500 anos.
A visita, conforme anunciou o Palácio de Buckingham, é um momento significativo nas relações entre a Igreja Católica e a Anglicana. A religião anglicana se originou em 1534, durante o reinado de Henrique VIII, em função da recusa do papa em anular seu casamento com Catarina de Aragão. Em 1961, a rainha Elizabeth II, mãe de Charles III, foi a primeira monarca britânica a visitar o Vaticano desde então.
Esta viagem de dois dias acontece em um período complicado para o rei, com seu irmão Andrew enfrentando novas revelações no caso de Jeffrey Epstein. Para Charles III, que é o governador supremo da Igreja da Inglaterra, este será seu primeiro encontro com o novo líder da Igreja Católica, Leão XIV, que assumiu em maio, após a morte do papa Francisco.
Charles III e Camilla chegaram por volta das 16h30 GMT (13h30 em Brasília) e a maior parte das atividades está programada para a quinta-feira (23). O tema central da cerimônia será a proteção da natureza, algo pelo qual Charles III é apaixonado. Essa celebração integrará tradições católicas e anglicanas, com a participação dos corais das capelas Sistina e de São Jorge de Windsor.
Além da cerimônia ecumênica, durante a visita, os dois líderes também celebrarão o Ano do Jubileu da Igreja Católica, que atrai milhões de peregrinos ao Vaticano a cada 25 anos. Recentemente, a visita de Charles III também ocorre no rescaldo da publicação das memórias póstumas de Virginia Giuffre, que acusou o príncipe Andrew e revelou contornos sombrios de sua relação com Epstein.
A relação entre o Vaticano e o Reino Unido foi complexa, com a falta de relações diplomáticas oficiais de 1536 a 1914. Uma embaixada no Vaticano foi estabelecida em 1982, e em 2013, leis foram alteradas para permitir que membros da família real casassem com católicos sem deixar de ter direitos à sucessão.
Charles III e Camilla também participarão de um serviço religioso ecumênico na Basílica de São Paulo Extramuros, onde Charles será nomeado “confrade real”. Um assento especial foi criado para o monarca, que poderá ser utilizado por seus sucessores.
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