A Câmara dos Deputados deu um passo significativo na quarta-feira (22) ao aprovar o regime de urgência para o Projeto de Resolução 71/25, que visa estabelecer a bancada cristã da Casa. A proposta foi liderada pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP) e Luiz Gastão (PSD-CE), presidentes das frentes parlamentares evangélica e católica.
O pedido de urgência recebeu 398 votos a favor e 30 contra. Com isso, os projetos com urgência podem ser votados diretamente no Plenário, sem passar pelas comissões preliminares.
De acordo com o projeto, a nova bancada contará com uma coordenação-geral e três vices-coordenadorias, permitindo que seus membros tenham voz e voto nas reuniões de líderes partidários, além de poderem falar por 5 minutos toda semana no Plenário.
Luiz Gastão destacou que mais de 80% da população brasileira é cristã. Ele defendeu que a Constituição garante a liberdade de manifestação da fé e observou que a criação da bancada é crucial para institucionalizar a representação cristã na Câmara, além de amplificar pautas conservadoras nas decisões políticas.
A medida foi articulada em conjunto por deputados católicos e evangélicos, com apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta garantiu que a proposta será amplamente debatida antes da votação definitiva, buscando um consenso entre os partidos.
No Colégio de Líderes, um dos espaços decisórios mais relevantes, a bancada cristã se tornará a terceira bancada temática da Casa, junto com as bancadas feminina e negra. Espera-se que mais de 300 deputados de diferentes legendas façam parte do grupo, com um rodízio anual de liderança entre os representantes católicos e evangélicos.
O deputado Ottoni de Paula (MDB-RJ), um dos principais articuladores da proposta, ressaltou que a bancada não deve ser confundida com uma bancada religiosa e sim vista como a união de frentes evangélica e católica, que buscam uma representação formal de valores e costumes no Colégio de Líderes.
Entretanto, a proposta não ficou sem críticas. A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) argumentou que a criação da bancada cristã fere o princípio da laicidade do Estado. Ela afirmou que o espaço político não deve favorecer uma religião específica, ressaltando a importância de garantir igualdade entre todos os cidadãos.
Mário Heringer (PDT-MG) também se manifestou, alertando para o risco de discriminação de outras religiões, enquanto Ottoni de Paula considerou que a oposição teme a crescente força do movimento conservador na Câmara.
A diferença entre frentes parlamentares e bancadas é clara. As frentes são grupos informais sem poder de voto, enquanto as bancadas, como a cristã, têm reconhecimento regimental que garante voz e voto nas reuniões de líderes e influência na agenda legislativa.
O projeto será discutido mais uma vez no Colégio de Líderes nesta quinta-feira (23), e caso receba aprovação, pode ser incluído na pauta de votações ainda nesta semana. Se aprovado, a bancada cristã ganhará reconhecimento formal e poderá exercer um papel vital nas deliberações internas da Câmara.
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