As mudanças climáticas vão impactar o abastecimento de água no Brasil mais rapidamente do que se pensava. Segundo um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria Ex Ante, as cidades brasileiras poderão enfrentar em média 12 dias de racionamento de água por ano até 2050. Em regiões como o Nordeste e partes do Centro-Oeste, onde já ocorrem baixos índices de chuva, essa realidade pode chegar a mais de 30 dias.
O estudo, intitulado “Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas”, destaca que a temperatura máxima deverá aumentar cerca de 1 °C nos próximos 20 anos, enquanto a temperatura mínima terá um acréscimo de 0,47 °C. Isso resultará em um aumento da amplitude térmica de 0,52 °C até 2050.

Crescimento da demanda por água
- A demanda por água deve crescer 59,3% até 2050, impulsionada pelo aumento populacional, elevação das temperaturas e avanços econômicos.
- A universalização dos serviços de abastecimento de água no Brasil deve ser alcançada em 2033.
- Cidades mais urbanizadas tendem a ter maior consumo de água. A cada aumento de um ponto percentual na população urbana, estima-se um aumento de 0,96% no consumo diário per capita.
- Para cada grau Celsius adicional, a demanda por água cresce 24,9%.
- Por fim, a umidade relativa do ar influencia o consumo: quanto maior a umidade, maior o consumo per capita de água.

O número de dias de chuva também afeta a oferta per capita de água. Em média, cada dia adicional de chuva representa 17,4% a mais de consumo. Municípios em áreas tropicais, com mais chuvas, apresentam melhor oferta em comparação às localidades no semiárido, onde a precipitação é escassa.
Desafios no abastecimento
O estudo ainda alerta para as perdas no sistema de distribuição de água. Atualmente, 40,3% da água tratada é perdida devido a vazamentos e falhas operacionais, resultando em sete bilhões de metros cúbicos perdidos a cada ano. Essa quantidade poderia atender à demanda prevista para as próximas duas décadas.
O Plano Nacional de Saneamento busca reduzir essas perdas para 25%, aliviando a pressão sobre os recursos hídricos do país.

Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil, ressalta a urgência de ações imediatas para reduzir as perdas no sistema de água e planejar de forma sustentável a gestão dos recursos hídricos. Ela enfatiza que é fundamental agir agora para garantir eficiência e preparar o Brasil para os desafios das mudanças climáticas.
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