A presença de facções criminosas na Amazônia Legal atingiu um novo recorde em 2025. De acordo com o relatório mais recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de municípios afetados por grupos como Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital subiu de 260 para 344, uma elevação de 32% em apenas um ano.
Essa expansão reflete um aumento significativo. Em 2023, apenas 178 municípios tinham registros de atuação dessas organizações; agora, esse número representa aproximadamente 44,6% das 772 cidades da região amazônica. O relatório foi divulgado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Belém, no Pará.
O crescimento pode ser atribuído tanto à real expansão das facções quanto ao aprimoramento das metodologias de pesquisa e operações policiais. Essas ações têm revelado grupos que antes não eram identificados.
Novos Municípios Sob Influência das Facções
Neste ano, 84 novos municípios foram adicionados à lista de locais sob a influência de facções. Em 2024, um aumento anterior de 46% foi observado. Curiosamente, o impacto do crime organizado também se estende a áreas rurais. Dos 344 municípios afetados, 166 são rurais, onde os grupos têm se fortalecido em rotas fluviais e regiões dominadas por atividades ilegais, como garimpo e grilagem.
O estado de Mato Grosso apresenta a maior expansão, com 50 dos 84 novos municípios entrando na lista. O Pará segue em segundo lugar, com 18 localidades sob influência das facções.
A presença das facções é distribuída da seguinte maneira:
- 258 municípios registram atuação de uma única facção;
- 86 localidades têm a presença de duas ou mais organizações criminosas.
Nos últimos anos, o Comando Vermelho consolidou sua presença em 286 cidades, enquanto o PCC se mantém em 90 municípios.
O Ecossistema Criminal Interligado
O relatório destaca que a ascensão das facções na Amazônia está conectada a um ecossistema criminal complexo. O narcotráfico se interliga a crimes ambientais, criando uma dinâmica que reorganiza o controle territorial e as formas de violência. As facções têm funcionado como uma espécie de Estado paralelo, impondo regras e coletando tributos sobre atividades ilícitas.
O Papel do Ouro Ilegal no Crime
O garimpo ilegal de ouro emerge como um elo crucial entre o narcotráfico e atividades ilegais. O capital obtido com drogas é reinvestido no garimpo, e o ouro extraído funciona como moeda para a compra de cocaína na Colômbia e no Peru. Facções controlam esses processos em Terras Indígenas, impondo regras e taxas.
As rotas clandestinas, tanto fluviais como aéreas, são usadas para transportar ouro, drogas, armas e trabalhadores cooptados. Além do garimpo, as facções têm se diversificado investindo em atividades de desmatamento, grilagem, exploração madeireira e pesca predatória.
Impacto Direto na Vida dos Moradores
A expansão dessas facções altera a dinâmica da violência, afetando principalmente mulheres, povos indígenas e moradores de áreas isoladas. Estas populações, que vivem longe de políticas públicas, enfrentam um aumento significativo em sua vulnerabilidade.
Na Amazônia Legal, as taxas de violência sexual são 33,8% maiores que a média nacional. As situações em áreas de garimpo ilegal criam um ambiente de coerção, incluindo exploração sexual e aliciamento de adolescentes. Terras Indígenas, como as do Vale do Javari, são usadas como corredores para o tráfico e estão expostas a contaminação ambiental.
O relatório enfatiza que a ausência do Estado em muitas regiões permite que as facções controlem essas áreas, transformando-as em pontos estratégicos para o tráfico de drogas.
O que você pensa sobre o crescimento das facções na Amazônia? Compartilhe sua opinião e vamos discutir esse assunto tão importante.

Facebook Comments