Em um evento lotado na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, Glória Perez compartilhou suas reflexões sobre o universo das novelas. A autora, conhecida por transformar temas sociais em histórias cativantes, revelou o que realmente a inspira durante o “Metrópoles Talks – Uma História de Novela” na última quarta-feira.
Ela destacou a importância do impacto emocional das suas obras. “O que mais me orgulha é ver essas narrativas ocupando a memória afetiva das pessoas – e saber que posso inspirar novos autores”, disse Glória.
A secretária de Cultura e Economia Criativa do estado, Danielle Barros, também estava presente e ressaltou como a teledramaturgia alimenta a economia do Rio de Janeiro. Ela indicou que essa indústria gera empregos e movimenta toda a economia criativa do estado. Danielle complementou que eventos como este aproximam quem escreve as histórias de quem as assiste.
Ainda, ela mencionou o efeito positivo do audiovisual no turismo e o investimento de mais de R$ 1,5 bilhão em fomento à cultura nos últimos anos.
O processo criativo de Glória Perez
Com mais de quatro décadas de carreira, Glória Perez tem um método único. Explicou que uma novela pode começar com uma imagem, um personagem ou um tema, mas ganha vida quando ela se mergulha na história. A autora prefere escrever em pé, dedicando mais de sete horas por dia, sempre em um ambiente organizado e sem escaleta.
“Eu escrevo assistindo à novela dentro da história. Só consigo pensar com a trama em movimento”, compartilhou. Para ela, esse processo é intenso e repleto de surpresas: “tudo pode acontecer”.
Quando o público influencia a trama
Em “Caminho das Índias”, Glória criou dois tipos de amor: o “amor cultivado”, sereno e tradicional, e o “amor paixão”, mais explosivo. Para sua surpresa, o público se encantou pelo amor tranquilo, o que a levou a reescrever a história. “O público comprou o amor cultivado. E aí eu tive que reescrever a história dentro desse novo cenário”, lembrou.
Temas sociais nas novelas
A autora escolhe temas que a inquietam e que são, muitas vezes, questões fugidias da sociedade. Ao desenvolver a personagem Ivana, em “A Força do Querer”, Glória buscou conversas com famílias e psicólogos para construir uma narrativa sensível. “Eu precisava despertar empatia”, disse.
Ela também destacou episódios marcantes em sua carreira, como o drama da falta de infraestrutura em “Partido Alto” e a discussão sobre AIDS em “Carmem”, além de trazer à tona os perigos do deepfake em “Travessia”.
O tema que Glória nunca pode explorar
Apesar de tocar em assuntos delicados, Glória ainda não conseguiu abordar o aborto do jeito que considera mais urgente. “É uma questão que vejo todos os dias, e que está ligada à violência contra a mulher”, enfatizou, pensando na força que essa narrativa poderia ter.
O impacto do politicamente correto
Glória comentou também sobre o clima de autocensura no ambiente artístico atual. “Exigir que a arte seja politicamente correta é não retratar a vida como ela é”, ponderou. Ela acredita que a pressão contemporânea é mais perigosa do que a censura da ditadura, pois agora ela habita a mente do autor.
O futuro das novelas
Para Glória, o formato das novelas precisa se reinventar para se conectar com um público que busca conteúdos mais fluidos e atualizados. Ela sugere a necessidade de temas impactantes e capítulos mais curtos. “A novela brasileira já foi a melhor do mundo. E pode voltar a ser”, afirmou.
Metrópoles Talks
O Metrópoles Talks é uma série de palestras promovidas pelo principal portal de notícias do Brasil, onde personalidades compartilham suas experiências e visões. Recentemente, o projeto contou com a presença do antropólogo Michel Alcoforado e da jogadora de basquete Hortênsia Marcari, que emocionou o público com suas histórias de superação.
E você, o que acha dos temas que Glória Perez traz em suas novelas? Compartilhe sua opinião nos comentários!
Facebook Comments