O início da gestão de Guilherme Boulos (PSol) como ministro no governo Lula está focado na situação dos entregadores de aplicativo, conhecidos como motoboys. Esse público se destacou nas últimas eleições municipais, sendo atraído por figuras da direita, como Pablo Marçal (PRTB), que quase chegou ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Una das primeiras ações de Boulos foi se reunir com líderes de movimentos de entregadores, como JR Freitas e Nicolas Santos, que farão parte de um grupo de trabalho dedicado a discutir políticas para os motoboys. As principais reivindicações são um piso mínimo de pagamento por entrega e quilômetro rodado, além de mais transparência nos algoritmos utilizados por empresas de delivery, como o iFood.
“Esse é um tema que o presidente Lula pediu que eu tratasse com prioridade. Hoje, são 3 milhões de trabalhadores no Brasil inteiro que atuam por aplicativo, muitos enfrentando jornadas longas e condições difíceis de trabalho,” afirmou Boulos no programa “Bom Dia, Ministro”.
A expectativa é que a portaria para a criação do grupo de trabalho seja publicada em breve. A iniciativa contará com a colaboração do Ministério do Trabalho e representantes da Justiça do Trabalho.
Boulos já havia sinalizado a importância dessa pauta durante sua época como deputado, ao apresentar um projeto de lei visando melhorias nas condições de trabalho e remuneração dos entregadores. O texto está em tramitação, porém, os movimentos de motoboys demonstram ceticismo quanto a avanços. Mesmo assim, Boulos acredita que a proposta vai prosperar e tem convidado membros da comissão para se envolver nas discussões do novo grupo.
“Me reuni hoje com integrantes da Aliança Nacional dos Entregadores e recebi uma carta com as principais demandas da categoria. Vamos trabalhar juntos para garantir direitos para os trabalhadores de aplicativo no Brasil,” postou Boulos.
Críticas a sindicatos e cobrança dos movimentos
Líderes de motoboys expressaram otimismo com a mudança da pauta para o ministério de Boulos. Antes, o assunto estava sob responsabilidade do ministro Luiz Marinho, que enfrentou críticas pela forma como conduziu o diálogo, priorizando a opinião de sindicatos tradicionais. Isso gerou descontentamento entre os entregadores, que sentem que suas necessidades atuais não estão sendo atendidas.
“O Boulos é sempre muito acessível. Ele reconhece que o mundo do trabalho mudou e que o sindicalismo, embora importante, não é suficiente para abordar as questões atuais,” comentou JR Freitas, que planeja se candidatar a deputado estadual em 2026.
Nicolas Santos, da Frente Nacional de Entregadores, destacou a reunião como um momento para pressionar o governo por mudanças reais. “O compromisso de campanha do Lula com nossa categoria é algo que não podemos esquecer. Até agora, não houve ações concretas.”
Mototáxi e direita
Em São Paulo, a questão dos entregadores ganhou destaque devido a uma disputa judicial entre aplicativos e a Prefeitura, a respeito do serviço de mototáxi, atualmente proibido. JR Freitas se destacou como uma Voz no movimento contra a proibição imposta pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), defendendo a regulamentação da atividade.
Durante esse embate, Freitas se uniu ao vereador bolsonarista Lucas Pavanato (PL), que também apoiava a liberação do mototáxi. Essa colaboração atraiu a atenção e apoio de muitos motoboys, levando Freitas a expressar preocupação com o fato de a esquerda não se conectar com as demandas dos trabalhadores.
Santos acrescenta que a atratividade de políticos como Pavanato e Marçal pelo público entregador ocorre em várias cidades do Brasil, não se limitando a uma linha ideológica específica. “Os entregadores estão prontos para apoiar quem apresenta propostas concretas. Tivemos exemplos em Fortaleza e Belo Horizonte em que candidatos de direita atraíram nossa categoria. Nas próximas eleições, quem trazer propostas sólidas provavelmente conquistará esse eleitorado,” explicou Santos.
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