O Parlamento Europeu aprovou, nesta terça-feira, medidas de proteção reforçada para agricultores da União Europeia, buscando mitigar o impacto do acordo de livre comércio com o Mercosul. A decisão contou com 431 votos a favor e 161 contra, sinalizando a intenção de criar mecanismos de supervisão sobre produtos sensíveis como carne bovina, aves e açúcar, além de abrir caminho para a aplicação de tarifas em caso de desestabilização do mercado.
As salvaguardas visam monitorar efeitos do acordo e estabelecer gatilhos para tarifas caso haja desequilíbrios significativos. Entre os mecanismos estão limites para elevar custos ou restringir importações, com o objetivo de preservar a competitividade dos produtores europeus.
Apesar das medidas, a França permanece entre os países mais céticos, pedindo o adiamento da assinatura da pactuação pela União Europeia. Paris solicitou que o processo seja adiado até 2026. Por outro lado, a Alemanha é favorável à assinatura ainda nesta semana, e a Itália apresenta posições ambíguas, com a chefe de governo Giorgia Meloni tendo as “chaves” da decisão, segundo diplomatas europeus.
Os eurodeputados deixaram claro que a Comissão Europeia pode intervir caso o preço de um produto do Mercosul seja pelo menos 5% inferior ao da UE e se o volume de importações isentas de tarifas aumentar mais de 5%. A previsão anterior fixava esse limite em 10%, mas o Parlamento busca um equilíbrio maior entre proteção agrícola e abertura de mercado.
Ursula von der Leyen espera assinar o tratado durante a cúpula do Mercosul no fim de semana, em Foz do Iguaçu, no Brasil, ainda mesmo com a necessidade do aval prévio dos Estados-membros. A posição dos governos nacionais, especialmente da França, pode influenciar o timing da assinatura.
Além das questões técnicas, sindicatos agrícolas europeus prometem protestos em Bruxelas, destacando preocupações quanto aos setores afetados. O acordo reduziria barreiras para exportações europeias de automóveis, máquinas e vinhos, enquanto ampliaria o acesso de carnes, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos ao mercado europeu.
Em síntese, o texto reflete o embate entre proteção de produtores e interesses de abertura comercial, com posições nacionais divergentes na UE e a expectativa de um desfecho que pode depender de negociações envolvendo França, Alemanha e Itália, antes de qualquer assinatura formal.
Como você enxerga esse equilíbrio entre proteção agrícola e abertura de mercado? Deixe sua opinião nos comentários abaixo e participe da discussão sobre o futuro das relações entre a União Europeia e o Mercosul.

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