Incra reconhece oficialmente terras da comunidade quilombola Pitanga de Palmares em Simões Filho

Publicado:

compartilhe esse conteúdo

Uma decisão histórica para a localidade de Pitanga de Palmares, quilombo no município de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, foi anunciada nesta quarta-feira (17): a Portaria nº 1.516 do Incra reconhece oficialmente as terras da região, assegurando o domínio da localidade sobre o território.

A medida, assinada pelo presidente do Incra, César Aldrighi, resulta de uma luta que se arrasta há quase duas décadas, com o processo administrativo aberto originalmente em 2008.

A área total soma 10,1621 hectares, integrando o imóvel conhecido como Fazenda São José. Do território declarado, cerca de 7,5 hectares correspondem ao Domínio Privado, já registrados em matrículas, e aproximadamente 2,5 hectares compõem o Domínio Público, identificados como terras possivelmente devolutas do Estado da Bahia.

A parte de domínio público será alvo de um procedimento administrativo específico para a discriminação de terras, em parceria com a Superintendência de Desenvolvimento Agrário (SDA) do Governo do Estado.

A fundamentação legal utiliza o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição de 1988, que garante aos remanescentes de quilombos a propriedade definitiva de suas terras. Além disso, a portaria respeita a Convenção 169 da OIT, sobre direitos de povos indígenas e tribais.

O território de Pitanga de Palmares é emblemático para a resistência negra na Bahia. A oficialização dos limites — confrontando a Rodovia BA-524 e o Riacho Brejo — representa não apenas uma vitória fundiária, mas a preservação do modo de vida, da ancestralidade e da dignidade das famílias que ali residem.

A portaria entra em vigor sete dias após a publicação oficial. Com a terra reconhecida pelo Incra, a localidade ganha proteção contra invasões e acesso facilitado a políticas públicas de infraestrutura, educação e saúde específicas para territórios quilombolas.

As plantas e memoriais descritivos detalhando cada metro quadrado passam a fazer parte do acervo fundiário nacional e ficam disponíveis para consulta pública no portal do Incra.

Essa decisão reforça o reconhecimento de direitos históricos da localidade e das famílias que nela vivem. E você, o que acha desse avanço para a segurança jurídica de territórios quilombolas na Bahia? Compartilhe sua opinião nos comentários e participe da discussão.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Alvo de operação da PF que apreendeu R$ 430 mil em espécie, líder do PL declarou R$ 5 mil à Justiça Eleitoral

Resumo da operação — O líder do PL na Câmara, deputado federal Sóstenes Cavalcanti, declarou patrimônio de R$ 4.926,76 à Justiça Eleitoral em...

Polícia Civil captura homem foragido por tráfico de drogas na Chapada Diamantina

A Polícia Civil cumpriu, na manhã desta sexta-feira (19), um mandado de prisão preventiva contra um homem de 40 anos investigado por tráfico...

Polícia prende suspeitos de homicídios na Operação Cavalo de Tróia em Jequié

Operação Cavalo de Troia, deflagrada pela Polícia Civil da Bahia, desarticulou grupos envolvidos com homicídios e tráfico de entorpecentes em Jequié, no sudoeste...