Todas as mortes ocorridas dentro da boate Kiss durante o incêndio do dia 27 de janeiro foram causadas por asfixia provocada pela inalação dos gases tóxicos cianeto e monóxido de carbono. �? o que o comprovam os laudos da necropsia entregues nesta sexta-feira (15) à polícia pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Os documentos também sustentam a tese de superlotação da casa noturna no dia da tragédia.
Segundo a legista-chefe do Departamento Médico Legal (DML) de Santa Maria, Maria �?ngela Zuchetto, a conclusão foi baseada nos laudos de 234 das 241 vítimas da tragédia: 12 deles já haviam sido entregues. Outras sete pessoas morreram durante o período que estavam internadas em hospitais e, por isso, não tiveram as causas da morte determinadas pelo IGP.
�??Os nossos laudos confirmam a inalação de gases tóxicos em 100% das pessoas que morreram dentro da boate Kiss�?�, afirmou Zuchetto.
Nesta sexta-feira, os delegados Marcelo Arigony e Sandro Meinerz, que conduzem as investigações sobre o incêndio, receberam mais outras duas análises técnicas do IGP. O laudo do incêndio, com cerca de 160 páginas, trata as questões de segurança e engenharia da boate. O outro documento analisa o funcionamento dos extintores de incêndio na casa noturna. A perícia sobre o local já havia sido entregue anteriormente.
Segundo a perícia, a casa noturna poderia receber, no máximo, um público de 750 pessoas. O alvará de prevenção e proteção contra incêndio do Corpo de Bombeiros havia determinado a capacidade máxima de 691 pessoas. Com base em depoimentos e no número de mortes e feridos, a polícia concluiu que havia pelo menos mil pessoas no interior da boate. O que confirma, portanto, a tese de superlotação.
A análise nos cinco extintores de incêndio que haviam dentro da Kiss também confirmou o que testemunhas já haviam dito: o equipamento usado para tentar combater o início do fogo não funcionou. Os peritos concluíram que ele estava sem a carga completa e por isso falhou. Outro extintor estava com a data de validade vencida.
Segundo os delegados, os documentos serão analisados durante o final de semana e depois anexados ao inquérito policial, que já somava mais de 7,5 mil páginas. A polícia ainda não recebeu o laudo da perícia sobre a espuma usada como isolante acústico para revestir o teto e as paredes da boate. As investigações apontam que foi ela a responsável pela liberação do cianeto, um elemento químico altamente tóxico.
Entenda: O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 241 mortos na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas por investigadores:
– O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
– Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
– A banda comprou um sinalizador proibido.
– O extintor de incêndio não funcionou.
– Havia mais público do que a capacidade.
– A boate tinha apenas um acesso para a rua.
– O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
– Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
– 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
– Equipamentos de gravação estavam no conserto.
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